“O Irã não é o Iraque. Nem as suas circunstâncias”, aponta o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto
Confira:
Os Estados Unidos, a América dos Pais Fundadores, serão grandes “de novo” — menos na diplomacia.
A história diplomática americana é pontilhada de hesitações. Para entrar ou sair de um briga, sempre demoram para adotar uma postura decisiva.
No Oriente Médio, a presença Americana só não foi mais destemperada do que na América Latina. Como potência militar, fez-se respeitar menos pela estratégia do que pela tecnologia e do seu arsenal de guerra.
Os melhores estadistas americanos, os Senhores da diplomacia, terão sido paradoxalmente, os piores Presidentes — Johnson, Nixon e Reagan. Trump ainda não foi testado diante do desafio de uma situação extrema. Uma personalidade histriônica, serve-se de criticas e ameaças como instrumento de ataque e justificativos de defesa.
Não fora o ataque de surpresa do Japão, em Pearl Harbor, a declaração de guerra à Alemanha nazi teria esperado por mais tempo. Cuba foi “entregue” aos russos pela morosidade da intervenção na Ilha, no tempo propício. No confronto com o Iraque de Sadam Hussein, faltaram comedimento e rigor na avaliação das circunstâncias que justificariam ou não a invasão do Antigo reino de Bagdá…
O Irã não é o Iraque. Nem as suas circunstâncias.
O que vemos, agora, não surpreende. As falas e as assinaturas orgiásticas de “ordenamentos de Trump” escondem a decisão que se impõe neste momento.
Os mares revoltos das politicas de Estado estão mais para a “unidade” das ditaduras do que para as discrepâncias democráticas do “Ocidente”.
Sob tantas ameaças e promessas de guerra e de morte, ouviu-se, nesses dias, a alegria das alunas de uma “madrassa” no Irã pela conquista de um fiapo de liberdade para as mulheres — o abandono da burka.
Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC