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“A religiosa idiocracia coaching”

F.J.Caminha, escritor e ex-deputado. Foto: Divulgação

“Ele se apresenta como evangélico e instrui as pessoas a crer no poder pessoal associado ao poder Deus”, aponta o escritor Francisco Caminha.

Confira:

O modismo da “Teologia Coaching” é um derivativo de uma narrativa religiosa, ainda em voga, da pseudo Teologia chamada de Prosperidade. 

Deixe-me explicar a lógica: 

Esses líderes estilo Pablo Marçal ou apóstolo Valdemiro são papagaios de uma retórica construída com jargões que se utilizam de conceitos da psicologia positiva emoldurados com a corruptela de alguns versículos bíblicos.

Nos discursos deles, Deus passa ser um sócio do seu negócio onde o crente tem o direito de exigir do criador que cumpra as promessas de trechos da Bíblia. A fala é assim: 

Se você for fiel no dízimos e nas ofertas, então você pode reivindicar que Deus lhe devolva multiplicado o que você ofertou. É como se fosse uma aposta, você dá para depois receber. Para a riqueza ser manifestada basta você mudar suas crenças negativas estabelecer metas e acreditar na metodologia deles. Mas há diferenças na retórica. 

No casos tipos estilo Valdemiro o apelo para arrecadação é ungir com poderes sobrenaturais o lenço, o azeite, o grão de feijão, uma fronha, ou seja, valorando algo sem valor monetário. O pastor Agenor Duque oferece por R$ 1.000,00 uma folha de papel A4 com a xerox da palma da mão dele. O apelo é assim: se você tem problema com insônia invista mil reais nesta folha ungida da palma de minha mão, coloque que debaixo do travesseiro que Deus vai curar seu problema. 

No caso do Pablo Marçal, cujo público é mais elitizado o objetivo é o mesmo, ou seja, enriquecer. Só que o candidato a prefeito de São Paulo tem um magnetismo dialético mais rebuscado e impressionante. Ele tem tanta convicção no que fala que eu me divirto com suas mentiras. Ele se apresenta como evangélico e instrui as pessoas a crer no poder pessoal associado ao poder Deus. 

O “modus operandi” da arrecadação são os cursos que ele oferta ensinando uma metodologia para ficar rico. Os eventos são caros, justamente para o aluno de esforçar em obter o dinheiro e apostar na promessa de enriquecimento.

Se o leitor tiver o cuidado de pesquisar no site “reclame aqui” vai ler dezenas de centenas de pessoas frustradas requerendo o dinheiro de volta por terem sido enganadas, seja pelo Pablo Marçal ou por qualquer outro Coach ou coisa parecida.

Eu creio que o sucesso deles deriva da falta de perspectiva dessa geração de pessoas sem propósito de vida que se nutrem das informações do Tik Tok, do Instagram, do Google e de outras redes sociais que criam uma vida paralela para escapar da realidade adentrando numa fantasia que intoxica as mentes, seguem os chamados “influencers”, que engajam e viciam milhões de seguidores para assistir o entretenimento deles. 

Enfim, estamos navegando como sociedade no rumo da regime da “Idiocracia”, seja leiga ou religiosa.

Uma multidão imbecilizada vive nessa frágil e pseudo democracia em rota de colisão para uma situação de Idiocracia. Quem quiser se divertir e acordar assista o filme “IDIOCRACY”, cujo enredo a apresenta um futuro distópico e serve para entender hoje o que estamos vivendo.

F.J. Caminha é escritor e ex-deputado estadual

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