“Quando agregamos os candidatos pelos seus perfis ideológicos, constatamos que o voto conservador é extremamente majoritário”, aponta em artigo o sociólogo João Arruda. Confira:
Na última quarta-feira, dia 17, a Paraná Pesquisa divulgou os resultados de uma pesquisa de opinião, realizada entre os dias 11 e 16 de janeiro de 2024, sobre a tendência de voto do eleitor fortalezense em relação às eleições municipais de 2024. Essa pesquisa trouxe dados extremamente reveladores sobre a tendência do eleitor fortalezense e a avaliação da população em relação ao desempenho administrativo do atual gestor municipal, um dos prováveis candidatos.
Na simulação espontânea, sem apresentação de nomes ao entrevistado, encontramos o seguinte resultado: Capitão Wagner aparece liderando folgadamente com 6,0%, o atual prefeito José Sarto com 3,8%, o ex-prefeito Roberto Cláudio 3,1%, a ex-prefeita Luizianne Lins 2,4%, o deputado André Fernandes 2,4%, o neopetista Evandro Leitão 0,4% e o senador Eduardo Girão 0,3%.
Na primeira simulação estimulada, no primeiro cenário, o Capitão Wagner aparece com 38,5%, José Sarto com 21,8%, André Fernandes 9,1%, Evandro Leitão 6,5% e Eduardo Girão 5,3%.
Na segunda simulação estimulada, sem a presença do Evandro Leitão e com a introdução do nome da ex-prefeita Luizianne Lins, o resultado passou a ser: Capitão Wagner 35,6%, Luizianne Lins 20,8, José Sarto 17.5, André Fernandes 9,3 e Eduardo Girão 4.8
Na terceira simulação estimulada, com o nome do ex-prefeito Roberto Cláudio em substituição ao do Sarto, o resultado passa a ser o seguinte: Capitão Wagner 33,4, Roberto Cláudio 32,4, André Fernandes 8,0, Evandro Leitão 6,4 e Eduardo Girão 3,5.
Na quarta simulação estimulada, sem a presença de Sarto e Evandro Leitão, temos o seguinte resultado: Capitão Wagner 31,9, Roberto Cláudio 27,0, Luizianne Lins 18,4, André Fernandes 8,3 e Eduardo Girão 3.4.
No cenário onde aparecem só os nomes do Capitão Wagner, Luizianne e Sarto, o resultado é respectivamente de: 43.9, 22,3, 19,3.
Esses resultados, mesmo sendo prematuros, pois ainda estamos relativamente longe das eleições, são reveladores do sentimento atual dos eleitores em relação aos nomes dos possíveis candidatos. Os dados nos mostram, de forma inequívoca, o favoritismo absoluto do Capitão Wagner em quase todos os cenários, à exceção da simulação em que o nome de Sarto é substituído pelo do Roberto Cláudio. Nesse caso, há um empate técnico entre eles.
A pesquisa indica também que, quando agregamos os candidatos pelos seus perfis ideológicos, constatamos que o voto conservador é extremamente majoritário, ultrapassando a marca dos 50%, o que, no caso de uma possível composição eleitoral antes das eleições, o Capitão Wagner poderia ser eleito já no primeiro turno.
Uma outra revelação do Paraná Pesquisa é a de que o PT e o PDT estão sendo vítimas de uma estranha dissonância política, pois buscam concorrer as eleições com candidatos notoriamente fracos, sem carisma e, no caso do PT, desconhecido. O mais estranho é que esses partidos possuem quadros políticos muito mais competitivos, experientes e com grande apelo popular.
Vejamos o caso do PT. Mesmo tendo um nome competitivo como o da Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza por duas gestões e a deputada federal mais votada em nossa capital pela legenda, o partido insiste em um nome neófito, desconhecido e sem nenhuma experiência administrativa. Esse equívoco é facilmente constatável quando o leitor compara as simulações onde aparecem os nomes de Luizianne Lins e do Evandro leitão. A diferença é gritante, tendo ela mais do dobro de intenções de voto do que o candidato oficial. Não sei se esse quadro vai mudar, mas pelo que a imprensa tem noticiado, a candidatura de Evandro Leitão é favas contadas, não havendo mais a tradicional e democrática disputa na convenção partidária. A candidatura do Evandro Leitão está sendo uma imposição do “centralismo democrático” lulista. Falta saber se a Luizianne Lins, conhecida por sua determinação política, por sua resiliência e rebeldia se submeterá a esse “centralismo democrático” autoritário e anacrônico.
No caso da dissonância política pedetista a situação é mais grave ainda. O ex-prefeito Roberto Cláudio, que foi um prefeito reconhecidamente exitoso em duas gestões, com experiência comprovada, sendo considerado um dos melhores prefeitos da história político-administrativa de Fortaleza, além de contar com grande carisma e grande apelo popular, é estranhamente preterido em favor do atual e ineficiente prefeito Sarto Nogueira, político simplório, com uma gestão sofrível e sem a menor empatia com a cidade de Fortaleza e com os fortalezenses.
Ao contrário da administração Roberto Cláudio, a sua gestão passará para a história da cidade como uma das mais desastradas, incompetentes e inoperantes que a nossa cidade já teve. Sarto, que recebeu uma cidade vibrante e com uma máquina administrativa ajustada, está nos legando uma cidade suja, perigosa, escura e esburacada. O centro de fortaleza, o grande ícone da cidade, está uma lástima: fedorenta, escura, abandonada e violenta, parecendo estereografar a psiquê do seu atual gestor.
Foram mais de três anos de retrocesso. Os seus únicos legados serão o de ter criado a famigerada Taxa de Lixo, penalizando ainda mais o já sofrido contribuinte fortalezense, e o de ter, nesse mesmo período, em uma total afronta aos fortalezenses, autorizado a abertura de uma licitação, no valor de R$ 80 milhões, para contratação de agências de publicidade objetivando melhorar a sua péssima imagem de gestor juntos aos fortalezenses.
Otimistas contumazes, uma parte significativa dos fortalezenses ainda acredita que o PDT possa fazer autocrítica e repensar o nome do seu candidato. Ainda é tempo do PDT resgatar o nome do ex-prefeito Roberto Cláudio. Esta seria a única possibilidade do partido continuar gerindo os destino da nossa atual sofrida e desprezada Fortaleza.
João Arruda é sociólogo e professor aposentado da UFC