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“A tampa da panela”

Barros Alves é jornalista e poeta

“Esse super-homem do Judiciário brasileiro encontrou no jornal Folha de São Paulo a tampa de sua panela”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.

Confira:

Escrevo este texto movido, sobretudo, pela vergonha dos homens de boa vontade, diante do silêncio covarde e cúmplice da maioria dos senadores brasileiros, que permanecem genuflexos diante de todas às agressões cometidas pelo Ministro Alexandre de Moraes à Constituição, à democracia e ao povo brasileiro. O presidente do Senado demonstra ser um traste político da pior espécie, assumindo claramente sua posição de aliado da organização criminosa que retornou à cena do crime, consoante a afirmação do vice-presidente cooptado, Geraldo Alckmin.

Diante das recentes matérias publicadas pelo Jornal Folha de São Paulo, que deixam à mostra a conduta irregular do Ministro Alexandre de Moraes, o todo-poderoso do Supremo Tribunal Federal, cabe bem a frase popular que indica reação de alguém a outrem que demonstra maior força e poder. Ao que parece o ministro que agia com ares de ditador impondo a própria vontade acima da lei ou interpretando-a a seu bel prazer em detrimento da Justiça e em favor de alinhamentos ideológicos, esse super-homem do Judiciário brasileiro encontrou no jornal Folha de São Paulo a tampa de sua panela. E pelo andar da carruagem a comida que está nessa panela e está sendo servida aos poucos pelos editores do jornal pode levar o ministro a uma grande indigestão.

A rigor, o jornal não descobriu a pólvora. A nação há algum tempo assistia coagida e amedrontada a ação persecutória e politizada do ministro, cujas decisões, muitas injustificáveis, fora dos padrões da “fumus boni iuri”, só apenavam personalidades publicas alinhadas com o pensamento de direita, sobretudo jornalistas, políticos e empresários, todos ferrados por ele e seus cupinchas da mídia com o ferro de “gado bolsonarista”. E isto como se ser de direita ou bolsonarista seja sinonímia de crime. Na esquerda, segundo os padrões de Alexandre de Morais, mentirosos contumazes e corruptos conhecidos e assinalados em diversas condenações, a partir do próprio presidente da República, são madres Terezas de Calcutá. O jornal Folha de São Paulo somente deixou à mostra que o rei está nu.

Enfim, aqueles que apontam o dedo para perseguidos e presos pelo ministro, em especial os jornalistas, acoimando-os de antidemocratas e golpistas, são claramente coniventes com abusos e desvarios de togados. Na melhor das hipóteses agem de acordo com o silêncio dos covardes ante as imoralidades praticadas por quem deveria exatamente guardar a Constituição, a Lei Maior que assegura a liberdade e a justiça, valores intrínsecos da democracia. Os punidos em razão de esdrúxulos “inquéritos do fim do mundo”, tão ao gosto do ministro acusado de desvios éticos pela Folha são, de fato, vítimas do poder que ele conseguiu dentro da Corte, graças à conivência dos colegas togados em face de suas atitudes injustas e sem compromisso com segurança jurídica e respeito às liberdades democráticas. Cabe, por pertinente, indagar onde andam a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, a Confederação (Sindicato) dos Bispos do Brasil-CNBB e tantas outras entidades que inda ontem, antes da organização criminosa retornar ao local do crime, demonstravam desvelado amor pela democracia e clamavam em alto e bom som por valores que agora, acumpliciadas com o erro, vergonhosamente desprezam e se escondem em mutismo covarde. Mas, a verdade virá à lume apesar dos medrosos e cúmplices. Com propriedade afirma o valoroso jornalista Augusto Nunes, em face dessa situação de profunda crise ética porque passam as instituições mais gradas da nação brasileira, em especial o Supremo Tribunal Federal: “A verdade desmaia, mas não morre.”

Barros Alves é jornalista e poeta

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