“A Valiosa Obra de Arusha” – Por João Teles de Aguiar

João Teles é professor e historiador. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o título “A Valiosa Obra de Arusha”, eis artigo de João Teles de Aguiar, professor, historiador e membro da Confraria da Leitura.

Confira:

O livro “O Cordel em Sala de Aula”, de Arusha Oliveira, monitora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, oferece boas sugestões pedagógicas para a utilização, pelos professores, da Literatura de Cordel ou da Literatura em geral. Aa importante obra visa enriquecer o trabalho do educador e a experiência (direta) de leitura dos alunos. Trata-se de um rico subsídio, cheio de possibilidades.

A identidade cultural do Nordeste é nela analisada e até a relação das obras (de cunho popular) com o erudito e o popular. O trabalho de Oliveira parte da premissa de que o cordel, enquanto manifestação cultural e gênero literário pode contribuir, significativamente, para o desenvolvimento integral do aluno, indo muito além da simples transmissão de conhecimento.

Nesse sentido, ler a tal obra dará ao leitor melhores condições, se somada a outras, claro, a compreensão de muitos fatos e da importância das narrativas, histórias e historietas para o dia a dia escolar.

Há quem dispense ou até deboche da sabedoria sertaneja ou dos poetas, ditos analfabetos. Bobagem, a vivência, o “rame-rame” cotidiano, a vida “passada na casca do alho”, oferece a esses senhores subsídios, aos montes, para nos dar quinau, quando o assunto é exemplificar a dramaticidade da vida.

Não passa de pedantismo acadêmico (ou coisa que o valha) não dar a importância ao homem do sertão e ao que ele diz. Sentar num tamborete e ouvir esse povo, é por demais importante; arrogância não enche surrão.

O homem sertanejo escapa da morte, vive com dificuldade, mas leva pra casa o bolão, o pão de cada dia… tão esperado pelos corumins e pela família toda. Esse homem, para realizar tudo isso, usa a sapiência, pede ajuda aos seus, troca ideias e não se deixa morrer. Como não tirar disso experiências, também, para a escola, que deve ser a caixa de ressonância do que ocorre aqui e alhures?

Pois é disso que o cordel fala. É a voz do povo do sertão que ele propaga; é o discurso do sertanejo, que ele amplia, dando-lhe vida e levando-o dos rincões à Universidade e até ao Exterior. Como ocorreu com a obra patativana, que hoje é conhecida pelos doutores do Mundo todo.

Obrigada, àprofessora Arusha, por essa obra, de tanto peso e de tanta valia, para os nossos sofridos afazeres de professor. Valeu cada dia (cansativo) de suas pesquisas,

*João Teles de Aguiar

Professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura.

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