Festas. Luzes. Alegria. Troca de presentes… As pessoas falam do Natal, o que suscita sempre movimentos na cidade e no interior de cada um de nós. Exaltam-se afetos, lembranças e consumismos. Campanhas solidárias sugerem que se partilhe o que se tem com aqueles que têm menos, que têm fome de pão, afeto e segurança.
Na minha preciosa tarefa de cuidar do outro, penso se há espaço para o Natal.
Sinto uma necessidade de abertura de outros espaços para que de fato o Natal possa acontecer: dos sentimentos, atitudes, emoções e das ações. Imagino a revolução fantástica que faremos, se pudermos abrir espaços internos dentro de cada um. Isso nos possibilitará dar maior expressão à amorosidade, à amizade, aos entrelaces humanos tão dificultados pelo apressado e violento conviver contemporâneo.
Em meio ao burburinho consumista, o Natal, que significa nascimento, exige que nasçam em nós gestos de abertura. Gestos de olhar em volta, de afagar a realidade que nos cerca para poder transformá-la.
Aproprio-me da expressão “Abra espaços dentro de você”, para pensar um Natal de aberturas, que possa oxigenar conversações, atitudes, relações familiares, ações governamentais, novos rumos do país. É preciso abrir espaços para uma tolerância maior nas relações, diminuindo o estado de hostilidade e violência destrutiva que tanto tem ferido a dignidade da vida e das pessoas. Um pouco de possível nos acordos humanos torna-se caminho de paz, clarão que permite ver a beleza do mundo. É preciso abrir espaços para o perdão. A mágoa e a raiva, fazem muito mal, são maléficos à própria pessoa que as retém e aos outros com quem convive. Perdoar é um gesto muito nobre, exige coragem e beleza interna de quem o faz. A cultura, em suas marcas de tola arrogância, não prestigia o perdoar, gesto tão construtivo do bem-estar humano.
É preciso abrir espaços para o bem. Adoro essa expressão “A gente é jardineiro quando não pode ser flor”. Somos criaturas e não deuses, mas cabe-nos dar feitio ao mundo que queremos para nós, para nossos filhos e para os outros. O que permanece e dura é apenas aquilo que tem razões para recomeçar.
Se eu fosse Papai Noel diria: Um Natal de abertura para todos!
Zenilce Bruno é psicóloga, sexóloga e terapeuta