Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

“Adão era ativista de pequenas causas?”

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor e escritor, além de ex-reitor da UFC

“Viver em sociedade significa associar pacificamente todas essas tribos beligerantes, porém hipocritamente cúmplices, por necessidade real, até, admitamos”, aponta o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto.

Confira:

Sim, o homem (e a mulher e todos os gêneros em comandita) são animais gregários.

Poucos serão, entretanto, mais gregários do que os intelectuais e os ativistas, os portadores de necessidades especiais e os dependentes químicos.

Todos em busca da mesma proteção e da mesma cumplicidade.

Os intelectuais, por absoluta necessidade de cumplicidade e de fortalecimento da autoestima. Da falta que lhes faz o reconhecimento pelos méritos que gostariam de ver confirmados. Alguns, os mais brilhantes, conseguem sobreviver, graças ao próprio talento, sem esses laços de mútuo agrado ou de mútua apreciação.

Os ativistas, por carecerem de aceitação no grupo a que pertencem — e da sua proteção. Não existe ativista solitário. Lobo solitário é uma invenção de série de tevê. Talvez alguns fundamentalistas que não tenham quem lhes possa acender a mecha do “coquetel molotov”…

Os portadores de necessidades especiais e dependentes outros de qualquer natureza, inclusive vítimas de dependência “ideológica”, presos pelas próprias correntes que ataram aos tornozelos.

Viver em sociedade significa associar pacificamente todas essas tribos beligerantes, porém hipocritamente cúmplices, por necessidade real, até, admitamos.

De todas as dependências, as mais persistentes são as que provêm do vício da dialética, da desconstrução dos fatos e da verdade. Os sintomas desta moléstia insidiosa surgem com pequenas mentiras bem comportadas, praticadas entre amigos diletos e na intimidade da família. Em seguida elas se tornam mais graves, na medida em que passam a ser denominados em língua inglesa — “fake news” — e ganham a compostura de “social fakes”, isto é, mentiras, ainda que sejam, porém com relevante compromisso social e político. Destas endemias poucos se livram: algumas vítimas chegam à velhice, “political liars” assumidos e afirmativos, dominados por certezas incontornáveis.

Como algumas manifestações de diabetes, estas moléstias são mais perigosas entre jovens. Nos velhos, abrem, entretanto, um certo veio cômico de histórias antigas e improváveis convicções.

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC

COMPARTILHE:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email
Mais Notícias