“Prestes a perder todos os seus governadores, o partido que representou a classe dominante durante décadas está desaparecendo”, aponta o jornalista Leonardo Attuch
Confira:
O PSDB está praticamente morto – e seu principal algoz atende pelo nome de Aécio Neves. O partido que foi protagonista do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, que flertou com o fascismo e que abandonou qualquer traço de compromisso democrático agora busca sobreviver por aparelhos, fundindo-se com o Podemos, depois de ter sido rejeitado por siglas maiores. O fim melancólico é condizente com a trajetória recente da legenda, marcada por golpismo, traições, sabotagens e covardia política.
O colapso do PSDB começou em 2014, quando Aécio, derrotado nas urnas por Dilma, recusou-se a aceitar o resultado legítimo das eleições. Foi o primeiro ataque frontal à democracia brasileira após a Constituição de 1988. Ao questionar o sistema eleitoral sem apresentar qualquer prova, Aécio abriu as portas para algo muito mais grave: a desconfiança sobre as urnas eletrônicas, que, mais tarde, seria instrumentalizada por Jair Bolsonaro, que está prestes a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Em outras palavras, foi Aécio quem plantou a semente do golpismo que germinaria na extrema direita.
Não satisfeito, ele marchou ao lado dos camisas-amarelas de extrema direita nas ruas, engrossando manifestações de caráter fascista e antidemocrático. Acabou sendo expulso por aqueles que ele mesmo ajudou a fortalecer – um castigo simbólico, mas merecido. Em seguida, aliou-se a Eduardo Cunha e Michel Temer para derrubar a presidenta Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade. O resultado foi um governo ilegítimo, desastroso para o povo brasileiro, que aprofundou a desigualdade e destruiu direitos sociais.
Aécio também entregou o PSDB de bandeja à Operação Lava Jato, imaginando que a ofensiva judicial seletiva serviria apenas para destruir o PT. Esqueceu, porém, que suas relações com empreiteiras eram ainda mais promíscuas. Acabou flagrado pedindo dinheiro em áudios constrangedores, tornou-se réu e perdeu qualquer capital político, ainda que tenha conseguido se safar nos tribunais.
Em 2022, ele revelou sua faceta mais mesquinha ao sabotar a candidatura presidencial de João Doria. Seu único objetivo era manter o controle absoluto da máquina partidária, ainda que isso significasse a aniquilação total do PSDB. E assim o fez. O partido, que já foi grande e teve papel central na estabilização econômica do País, com o Plano Real, terminou como uma legenda nanica, desacreditada, desmoralizada, sem rumo e sem identidade.
Pior: em nenhum momento houve autocrítica. Nenhuma palavra de arrependimento pelas decisões que levaram ao golpe contra Dilma, pela associação ao bolsonarismo, pelo apoio à destruição de direitos trabalhistas e à política econômica desastrosa da era Temer-Bolsonaro. O PSDB, na realidade, jamais desceu do salto alto.
Enquanto isso, a realidade se impõe: Lula é novamente presidente da República, favorito à reeleição em 2026. Dilma, a mulher que Aécio tentou destruir, hoje preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), fortalecendo os laços do Brasil com os BRICS. E Aécio? Um zumbi político, sustentado por um mandato que só serve para lhe garantir foro privilegiado e tempo de televisão em partidos decadentes.
O PSDB foi destruído por suas próprias escolhas. Mas foi Aécio Neves quem puxou o gatilho. O epitáfio da legenda já pode ser escrito: morreu por ter traído a democracia – e por ter se curvado à ambição de um homem que jamais esteve à altura da história.
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247