O cordel, uma forma rica de literatura popular nordestina, tem ganhado destaque mundial. Segundo Klévisson Viana, renomado cordelista brasileiro, o cordel é um verdadeiro fenômeno, estudado em prestigiadas universidades globais, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a Universidade de Sorbonne, na França, e em instituições no Japão.
O cordel, amplamente abraçado pela cultura nordestina, destaca-se por sua estrutura rigorosa, que inclui verso, contagem silábica e rima. “Nem tudo que rima é cordel. É um gênero seríssimo que ainda enfrenta preconceitos. Criar cordel exige respeito às regras e fidelidade à métrica”, afirma Klévisson Viana, vencedor de mais de vinte prêmios, incluindo o terceiro lugar no Prêmio Jabuti de 2015 pela adaptação de “O Guarani em Cordel”.
Klévisson Viana, autor de mais de cinquenta livros e centenas de folhetos de cordel, além de milhares de ilustrações, reverencia grandes nomes do gênero, como Leandro Gomes de Barros, Arievaldo Viana, Rouxinol do Rinaré e José Camelo de Melo Resende. “A literatura de cordel já me levou a várias partes do Brasil, especialmente ao Nordeste. Costumo dizer que os folhetos nos conduzem aos lugares que sonhamos. As histórias surrealistas do cordel sempre me fascinam. Tive a oportunidade de ver o cordel sendo usado até na medicina. O cordel animado também foi bem aceito pelos leitores, mostrando a versatilidade desse gênero”, comenta Klévisson.
A cordelteca da Unifor
A Universidade de Fortaleza é a primeira a catalogar um acervo de 2.028 títulos e 3.984 exemplares de cordéis, ao somar livros e folhetos. A Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel foi idealizada pela professora Paola Torres, médica e poeta. A homenagem à primeira mulher a escrever cordel no Brasil justifica-se pois Maria das Neves teve sua entrada no mundo dos folhetos facilitada pelo seu pai que publicou, através da sua gráfica na década de 30, o primeiro folheto da filha, intitulado
“O violino do diabo ou o valor da honestidade”. À época, todos os seus textos eram assinados com o nome de Altino Alagoano, pseudônimo de Maria das Neves, pois não era aceitável uma mulher escrever cordel”, explica a bibliotecária Aryanna Amorim, do setor de apoio ao ensino e à cultura da Unifor, SEC.
No próximo dia 27, haverá uma comemoração pelos cinco anos da Cordelteca Unifor e a entrega do Troféu Homenagem Cordel Brasileiro para a Cordelista e Profa. Paola Torres será no espaço que abriga a Cordelteca, idealizada pela homenageada, no dia 27 de agosto de 2024 às 9h30, no campus da Unifor.
“O evento tem como objetivos principais promover a Cordelteca da Universidade de Fortaleza, comemorar os cinco anos de fundação da Cordelteca e Homenagear a cordelista Paola Tôrres, médica, oncologista, hematologista, artista, cordelista e docente do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. Nasceu em Pernambuco e sua trajetória se mescla à da Unifor de maneira notável, ao contribuir para a implementação do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza e para a criação da Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel.
INFORMAÇÕES DO EVENTO
DATA: 27/08/2024
LOCAL: Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel (Coleção Rachel de Queiroz)
HORÁRIO: 9h30 às 11h30
Para mais informações, acesse: https://www.unifor.br/web/guest/cordelteca