Agosto: Mês do Cordel – Por Mirelle Costa

O cordel, uma forma rica de literatura popular nordestina, tem ganhado destaque mundial. Segundo Klévisson Viana, renomado cordelista brasileiro, o cordel é um verdadeiro fenômeno, estudado em prestigiadas universidades globais, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a Universidade de Sorbonne, na França, e em instituições no Japão.

Klévisson Viana é escritor, cordelista, cartunista, estudioso da cultura popular e produtor cultural. Possui trabalhos publicados no Brasil, Bélgica, Holanda, Portugal, França, Israel e Turquia. // Foto: Arquivo pessoal)

O cordel, amplamente abraçado pela cultura nordestina, destaca-se por sua estrutura rigorosa, que inclui verso, contagem silábica e rima. “Nem tudo que rima é cordel. É um gênero seríssimo que ainda enfrenta preconceitos. Criar cordel exige respeito às regras e fidelidade à métrica”, afirma Klévisson Viana, vencedor de mais de vinte prêmios, incluindo o terceiro lugar no Prêmio Jabuti de 2015 pela adaptação de “O Guarani em Cordel”.

(O cordelista Klévisson Viana também é Mestre da Cultura do Estado do Ceará e editor da Tupynanquim Editora // Foto: Arquivo pessoal)

Klévisson Viana, autor de mais de cinquenta livros e centenas de folhetos de cordel, além de milhares de ilustrações, reverencia grandes nomes do gênero, como Leandro Gomes de Barros, Arievaldo Viana, Rouxinol do Rinaré e José Camelo de Melo Resende. “A literatura de cordel já me levou a várias partes do Brasil, especialmente ao Nordeste. Costumo dizer que os folhetos nos conduzem aos lugares que sonhamos. As histórias surrealistas do cordel sempre me fascinam. Tive a oportunidade de ver o cordel sendo usado até na medicina. O cordel animado também foi bem aceito pelos leitores, mostrando a versatilidade desse gênero”, comenta Klévisson.

A cordelteca da Unifor

A Universidade de Fortaleza é a primeira a catalogar um acervo de 2.028 títulos e 3.984 exemplares de cordéis, ao somar livros e folhetos. A Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel foi idealizada pela professora Paola Torres, médica e poeta. A homenagem à primeira mulher a escrever cordel no Brasil justifica-se pois Maria das Neves teve sua entrada no mundo dos folhetos facilitada pelo seu pai que publicou, através da sua gráfica na década de 30, o primeiro folheto da filha, intitulado

“O violino do diabo ou o valor da honestidade”. À época, todos os seus textos eram assinados com o nome de Altino Alagoano, pseudônimo de Maria das Neves, pois não era aceitável uma mulher escrever cordel”, explica a bibliotecária Aryanna Amorim, do setor de apoio ao ensino e à cultura da Unifor, SEC.

(A cordelteca está localizada na biblioteca central da Unifor (1º Piso) // Foto: Cordelteca)

No próximo dia 27, haverá uma comemoração pelos cinco anos da Cordelteca Unifor e a entrega do Troféu Homenagem Cordel Brasileiro para a Cordelista e Profa. Paola Torres será no espaço que abriga a Cordelteca, idealizada pela homenageada, no dia 27 de agosto de 2024 às 9h30, no campus da Unifor.

“O evento tem como objetivos principais promover a Cordelteca da Universidade de Fortaleza, comemorar os cinco anos de fundação da Cordelteca e Homenagear a cordelista Paola Tôrres, médica, oncologista, hematologista, artista, cordelista e docente do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. Nasceu em Pernambuco e sua trajetória se mescla à da Unifor de maneira notável, ao contribuir para a implementação do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza e para a criação da Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel.

(Maria das Neves Baptista Pimentel foi a primeira mulher a publicar um folheto de cordel // Foto: Cordelteca)

INFORMAÇÕES DO EVENTO

DATA: 27/08/2024
LOCAL: Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel (Coleção Rachel de Queiroz)
HORÁRIO: 9h30 às 11h30
Para mais informações, acesse: https://www.unifor.br/web/guest/cordelteca


Mirelle Costa: Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing. Possui experiência como professora na área de jornalismo para tevê e mídias eletrônicas. Já foi apresentadora, produtora, editora e repórter de tevê, além de colunista em jornal impresso. Possui premiações em comunicação, como o Prêmio Gandhi de Comunicação (2021) e Prêmio CBIC de Comunicação (2014). Autora do livro de crônicas Não Preciso ser Fake, lançado na biblioteca pública do Ceará, em 2022. Participou como expositora da Bienal Internacional do Livro no Ceará, em 2022.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais