Como título “Ainda estamos aqui… e seguiremos”, eis artigo de Liliane Araújo, secretária-executiva de Políticas Públicas da Secretaria de Mulheres do Estado, socióloga, advogada e vice-presidente do PT de Fortaleza. “É essencial que a sociedade faça um apelo conjunto às prefeituras cearenses para a criação de mais secretarias municipais da mulher, para que sigamos na luta de colocar esse tema dentre as pautas principais da agenda do século XXI e continuemos avançando na equidade de gênero”, expõe a articulista.
Confira;
“Ainda Estou Aqui” não é apenas o filme que trouxe o primeiro Oscar da história do Brasil, mas é também uma obra que lembra a cada uma e a cada um sobre um momento tenebroso já vivido neste país e sobre a obrigatoriedade de força das de todas as mulheres.
A mulher nasce com o fardo de ter que lutar quando ninguém mais pode; ela é desdobrável, combativa e domina a linha de frente da guerra social contra um mundo que a menospreza desde o nascimento. Mulher é forte por natureza.
Também foi assim com aquelas que lutaram no século XIX por melhores condições de trabalho e já levantavam a bandeira da igualdade de gênero. Foi assim com Maria da Penha, com a ex-presidenta Dilma, com a ex-prefeita Luizianne Lins, com Eunice Paiva e com tantas outras que não têm seus nomes conhecidos nacionalmente.
Sempre existirão mulheres que nos lembram de um fato: se estamos aqui hoje, é por muitas outras que lutaram lá atrás. Se hoje temos instrumentos de luta das pautas femininas como a Secretaria das Mulheres do Estado do Ceará, tão bem representada por Jade Romero e por Lia Gomes, ou um Ministério das Mulheres, tão bem liderado por Cida Gonçalves, é porque muito chão foi percorrido até aqui para que fosse possível a ocupação desse espaço.
Mas é claro que ainda há muito a percorrer. Dos 184 municípios cearenses, por exemplo, apenas 26 possuem uma Secretaria Municipal da Mulher. Fortaleza se encaminha para a criação desse instrumento, graças ao comprometimento de Evandro Leitão e Gabriella Aguiar, mas, caso as eleições tivessem outro resultado, a pauta das mulheres seguiria negligenciada no debate público municipal.
E isso só reforçaria os dados contidos no último relatório da ONU Mulheres, que constata retrocessos nos direitos das mulheres em um a cada quatro países em 2024, por reflexo do enfraquecimento das instituições democráticas.
Por isso, é essencial que a sociedade faça um apelo conjunto às prefeituras cearenses para a criação de mais secretarias municipais da mulher, para que sigamos na luta de colocar esse tema dentre as pautas principais da agenda do século XXI e continuemos avançando na equidade de gênero.
Na contemporaneidade, toda e qualquer forma de discriminação deve ser combatida, e a organização política é um caminho seguro para essa briga constante. Neste Dia Internacional da Mulher, precisamos lembrar conquistas e reforçar as lutas para que todas as mulheres sejam verdadeiramente livres. Essa é uma forma de mostrar que ainda estamos aqui, e seguiremos.
*Liliane Araújo
Secretária-executiva de Políticas Públicas da Secretaria de Mulheres do Estado, socióloga, advogada e vice-presidente do PT de Fortaleza.
e-mail – liliane.araujo@mulheres.ce.gov.br