Com o título “Ainda o uso de celular nas escolas”, eis artigo de João Teles, professor, historiador e membro da Confraria da Leitura. “A situação não é fácil, uma vez que acomoda em si, vários fatores, várias visões de mundo: desde pessoas que acham que tem que liberar geral, até aquelas que consideram ser necessário proibir tudo… etc, etc”, expõe o articulista.
Confira:
A Literatura diz que o uso do celular provoca a “diminuição da interação e do convívio social” na sala de aula, no recreio, na escola. Mesmo afirmando que “a escola é lugar de convívio e interação”. Que “o uso em excesso do celular pode impactar, negativamente, a formação social do indivíduo”. A gente sabe bem que os educadores têm debatido isso, com ênfase, já faz um bom tempo. A situação não é fácil, uma vez que acomoda em si, vários fatores, várias visões de mundo: desde pessoas que acham que tem que liberar geral, até aquelas que consideram ser necessário proibir tudo… etc, etc.
Mas, a escola pode prescindir da tecnologia, no mundo de hoje? Eis a questão?
Em um trabalho escolar, devidamente mediado pelo professor, pode ocorrer um excelente momento de aprendizagem e interação com as redes sociais, por exemplo, para usufruto do aluno e do professor. Desde que o tempo de uso tecnológico tenha sido planejado pelo professor pensando, por exemplo, em um tema do interesse da garotada (pra isso existem as pesquisas do professor, para sentir a vontade da moçada).
Não é pra isso que existe a sintonia, entre mestre e educandos? Pois então…
Dito isso, faz-se necessário afirmar aqui que, em determinados momentos na sala de aula, a tecnologia se torna uma grande companheira – e aliada importante, do aluno e do professor. Alijar o uso do celular, de forma abrupta e de cima para baixo, não é um bom negócio.
Se a escola, como dizem, é a substituta da família, deve então estar preparada para mediar conflitos e resolvê-los, através do diálogo e interação com alunos e famílias, algo tão importantes – e essencial, no mundo de hoje. Nessa relação processual e contínua, não pode haver desconfiança, de nenhum dos lados.
Portanto, nada de se tentar intimidar professores e servidores da unidade escolar, com gravações estapafúrdias, uma vez que ali, na sala de aula, há alguém substituindo a família e que está aberto a uma boa conversa, a qualquer momento. Depois do professor, vem a Coordenação e o resto da gestão escolar para realizar o devido esclarecimento sobre qualquer tema que diga respeito à formação da criançada e dos jovens em geral.
Celular na escola, sim!
Sob o olhar atento dos educadores.
*João Teles
Professor, historiador e membro da Confraria da Leitura.
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Chegamos a essa situação absurda de proibição dos smartphones nas escolas, por falta de Educação Tecnológica dos alunos, pais e professores. Não no sentido de ensinar a usar o aparelho, mas de aprender a usar essa nova tecnologia, que é conectada na Internet. Há décadas que o celular /smartphone deixou de ser um simples telefone e transformou-se em um potente computador de bolso. Isso mudou totalmente o alcance e a utilidade desse dispositivo, tranformando-o em multimídia, com inúmeras funções e alcance ilimitado em todas as áreas de nossa vida. Mas pra que serve um smatphone nas mãos da maioria das pessoas? Pra acessar as redes sociais, consumir e compartilhar conteúdos duvidosos e fake news, jogar, fofocar e cair em golpes.
Além dos adultos não esclarecidos, temos milhões de crianças, adolescentes e idosos utilizando um dispositivo de alcance mundial, sem saber onde estão clicando e as consequências disso.
Por ser um computador de bolso, o smartphone permite facilidades incriveis, quando utilizado de forma sábia. Milhões de pessoas o utilizam diariamente pra ganhar dinheiro, estudar e organizar sua rotina pessoal, profissional e de estudos. Infelizmente, outros milhões utilizam o mesmo dispositivo pra desperdiçar seu tempo, infernizar a vida dos outros e dar golpes.
Durante o 2º mandato do Presidente Lula (2007 a 2010), o MEC reestruturou o Programa Nacional de Informática Educativa (PROINFO), cujas metas foi a distribuição de laboratórios de informática para todas as escolas públicas brasileiras e a instalação de núcleos de tecnologia educacional em todos os municípios que aderissem ao programa, para capacitar professores e gestores escolares em tecnologia educacional.
Os laboratórios de informática completos foram enviados diretamente para cada escola pública, os núcleos de tecnologia educacional foram implantados, professores dos núcleos foram capacitados, foi fornecida internet banda larga gratuita, os computadores vinham com Linux Educacional e diversos softwares educacionais livres instalados. Foram ofertados três cursos de Informática Educativa direcionados a todos os professores e vagas de Especialização em Tecnologia Educacional aos professores multiplicadores dos núcleos de tecnologia educacional. Também foram criados portais de conteúdos online de apoio. Mas faltou boa vontade dos gestores locais pra abraçar o projeto de verdade e mantê-lo vivo. Os gestores educacionais não facilitaram o acesso dos professores aos cursos e quando expirou a garantia de 03 (três) anos dos computadores, eles começaram a ser descartados como sucata. Poucos foram consertados ou substituídos por novos. Então o projeto foi morrendo aos poucos até se extinguir. Por ocasião da pandemia de COVID em 2020, as escolas foram fechadas e os professores tiveram que se virar pra ensinar a distância, sem estar preparados tecnicamente e sem os equipamentos adequados em casa. Mesmo assim as autoridades não conseguiram perceber a importância da formação e do uso das tecnologias educacionais. É lamentável! Estamos regredindo nessa área, enquanto as outras estão todas avançando, inclusive com inteligência artificial.