Análise de Viabilidade Econômica e Financeira – Por Fabiano Mapurunga

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Muitas pessoas ficam propensas a investir em algo quando surge alguma “oportunidade” mas, poucas param para avaliar se esta é realmente viável. Ou seja, se condiz com suas possibilidades econômicas e financeiras.

Verifico que, muitos não fazem as devidas análises, por não saberem como, e por não terem as ferramentas adequadas para medir essa sua possível operação. Por isso, resolvi hoje, conversar um pouco sobre a Análise de Viabilidade Econômica e Financeira, e assim dar um apoio aos que estão com oportunidades de alocar seus recursos, mas que estão precisando de mais segurança em sua decisão.

A Análise de Viabilidade Econômica e Financeira, objetiva fazer a medição e o entendimento sobre ser viável ou não, um determinado investimento. Ela se propõe a fazer uma comparação sobre, os possíveis retornos que poderão ser obtidos com as oportunidades de investimentos, e assim indicar a melhor alternativa.

Para se executar uma análise de viabilidade econômica e financeira, se faz necessário estabelecer e seguir algumas etapas, sendo essas: 

1 – FAZER UMA PROJEÇÃO DE RECEITAS

Projetar receita é, na verdade, procurar identificar a capacidade que o investimento possui de gerar dinheiro ao investidor. Para tanto, vamos precisar estabelecer algumas premissas: 

  • Conhecer bem o mercado, a fim de se evitar que sejam projetados números impossíveis de serem atingidos;
  • Evite projetar pela capacidade total de geração de receitas, seja mais precavido e priorize ser realista em seus números, conte com 50% ou menos;
  • Projete sempre crescimento para receitas, custos, despesas e investimentos. Vale observar que não se manterão constantes.

2 – VAMOS PROJETAR OS CUSTOS E OS INVESTIMENTOS

A projeção de custos, despesas e investimentos, também deve obedecer a alguns preceitos básicos para a correta avaliação. O principal deles, é aceitar a existência de custos, despesas e investimentos que possam justificar as receitas projetadas.

Vamos usar o exemplo de uma indústria, onde para projetarmos suas vendas precisamos avaliar a sua capacidade de produção. Assim, se precisa avaliar a necessidade de se investir em maquinário, além dos custos e despesas concernentes a essa atividade.

Importante se ater ao fato de ter que projetar uma certa participação no mercado, que seja condizente com o faturamento projetado. Sendo assim, é preciso mensurar os gastos com marketing e propaganda. Não vamos esquecer de projetar o reinvestimento. Não podemos avaliar que teremos apenas o investimento inicial. A empresa irá necessitando de injeções de investimento, na medida que seu crescimento vai tomando corpo.

3 – PROJETEMOS AGORA O FLUXO DE CAIXA

De uma forma simplificada, vamos entender o fluxo de caixa como a entrada e saída de dinheiro da empresa em um determinado período de tempo. Esta ferramenta tem fundamental importância para a gestão financeira de qualquer negócio. Ele é encontrado, pela diferença entre as receitas e as despesas. Vamos ver agora, de uma maneira gráfica, como fica o nosso fluxo de caixa pelo método direto, para os exemplos de projeções de receitas e de despesas, demonstrados anteriormente.

4 – VAMOS ANALISAR ALGUNS INDICADORES

Agora que já temos as projeções de receitas, de despesas e de fluxo de caixa, vamos fazer uma análise de indicadores para entender o comportamento.

Para objetivarmos mais o nosso entendimento, vamos tratar apenas de três tipos de indicadores:

  • I. VPL – Valor Presente Líquido
  • II. TIR – Taxa Interna de Retorno
  • III. Payback

PONTO DE ATENÇÃO: TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE – TMA

Para termos mais propriedade ao falarmos dos indicadores, vamos entender um pouco sobre a Taxa Mínima de Atratividade – TMA, que nada mais é, do que o retorno mínimo esperado para um investimento. Para a determinação da TMA precisamos levar em consideração a fonte de capital do investimento (próprio ou de terceiros), além da margem de lucro esperada com o investimento.

Não se tem uma média geral de TMA, esta varia conforme a empresa, podendo ser apurada de inúmeras maneiras. Como exemplo, aqui no Brasil costumamos usar como base TMA a taxa Selic, taxa referência de juros da nossa economia, pois a mesma tem interferência tanto na captação de recursos, quanto nas aplicações financeiras.

I. VPL – Valor Presente Líquido

Tal indicador analisa os fluxos de caixa esperados para uma empresa, os trazendo para uma mesma data. Sendo assim, todos os fluxos de caixa são descontados a uma TMA até a data do vencimento. Somamos então esses fluxos,e subtraímos de seu total os investimentos.

Os valores de referência são os seguintes:

  • VPL com valor POSITIVO: o projeto tem capacidade de gerar lucro;
  • VPL com valor NULO (Zero): o projeto se pagará ao longo dos anos, mas não terá geração de lucro.
  • VPL NEGATIVO: o projeto não irá gerar lucro, mas sim prejuízo.

II. TIR – Taxa Interna de Retorno

Este indicador demonstra a rentabilidade de um projeto. É expressa em percentual, de acordo com a periodicidade dos fluxos de caixa. Exemplo: caso os fluxos de caixa sejam mensais, então a TIR também será mensal. Pois isso dizemos que a mesma é uma medida relativa. Ao substituirmos pela TMA no cálculo do VPL, o mesmo torna-se zero.

Para o cálculo da TIR, precisamos ter à disposição a TMA do investimento, para que façamos a comparação entre taxas. Ao se fazer a comparação, podemos ter três cenários:

a) TIR > TMA: o projeto paga o investimento e ainda gera lucro.

b) TIR = TMA: o projeto paga o investimento mas não gera lucro.

c) TIR < TMA: o projeto não paga o investimento, gerando prejuízo.

III. Payback

Tal indicador mede o tempo que o projeto gerará recursos para pagar o investimento.

Vamos ver agora duas forma de se calcular o Payback:

I. Payback Tradicional: também chamado de payback simples, pois não leva em consideração o dinheiro no tempo. Vejamos um exemplo: caso se tenha investido R$ 200.000,00 em um negócio que gera retornos mensais de R$ 20.000,00, o Payback será de 10 meses.

II. Payback Descontado: utilizamos a TMA para descontar os fluxos de caixa e os nivelarmos com a mesma data do investimento inicial. 

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DOS EXEMPLOS ANTERIORES

Tomando como base nossos exemplos anteriores, vamos averiguar os resultados de cada um dos métodos de análises de viabilidade que citamos. 

Na tabela abaixo trazemos o fluxo de caixa do projeto e o seu saldo acumulado, utilizado para cálculo do payback.

Veremos que o saldo acumulado soma os fluxos ao investimento inicial. Quando o saldo ficar positivo teremos o payback. O saldo acumulado utiliza a TMA. Para o nosso exemplo vamos tomar como base:

Vejamos agora a análise: 

Para uma TMA de 15,73% a.a.

VPL está positivo

TIR foi superior à TMA.

Payback Descontado inferior a 5 anos

Conclusão: Projeto viável 

Com essas informações espero ter lhes demonstrado a importância de se analisar qualquer tentativa de investimento, com muito esmero, antes mesmo de o iniciar, para se procurar dirimir ao máximo, o risco de insucesso.

Fabiano Mapurunga: Fabiano Mapurunga é Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Finanças pela Unifor, Pós-Graduado em Gestão de Negócios pelo INSPER, MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV, MBA em Agronegócios pela USP/ Esalq e Graduado em Administração de Empresas pela UFC. Possui experiência de 23 anos na área de Finanças Corporativas. Atualmente trabalha com inovação e consultoria financeira para empresas nacionais, além de se dedicar a novos negócios e investimentos. É professor universitário em cursos de Pós Graduação e autor de vários artigos.

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  • Ótimas orientações. É sempre bem indicado consultar um especilista em qualquer segmento de atividade.

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