“Aposta Milei”

Javier Milei venceu as eleições para presidente da Argentina em 19/11, por 55,69% dos votos, contra 44,30% de Sérgio Massa. Alguns fatores contribuíram para esta expressiva vitória: a instabilidade econômica, nos últimos dez anos de governos peronistas, que produziram inflação anual de 142,7%, juros de 133% ao ano, pobreza alcançando 40,1% da população, com 9,3% em situação de indigência.

Os argentinos votaram no que entendem ser o “menos pior”, rechaçando as forças políticas tradicionais do país, às quais atribuem a situação de desespero em que se encontram. Milei defende o fim do Estado onipresente e empobrecedor, mediante a privatização, abertura econômica e financeira, desregulamentação da economia, do câmbio, do setor exportador, dolarização da economia, fim do banco central, redução de ministérios.

A aposta dos argentinos em Milei é alta, é o “tudo ou nada”, sinalizando muita incerteza no horizonte, no âmbito interno e externo. Os desafios são imensos para a nova administração do país, no tocante à implementação das medidas propostas, e para a população, que sofrerá mudanças bruscas em suas vidas. O certo é que todos ficarão atentos ao que acontecerá na Argentina, para o bem ou para o mal, que poderá trazer importantes lições econômicas e políticas. A democracia da Argentina sai fortalecida, porque a maioria absoluta do eleitorado aprovou o receituário a ser adotado, e sua vontade foi respeitada, com a proclamação dos resultados.

A mensagem que a eleição de Milei na Argentina passa para o Brasil e o mundo é que retórica e ideologia já esgotaram a paciência do eleitorado, pois nada produzem, só postergam as soluções dos problemas, e as ações que precisam ser efetivadas. Que os argentinos continuem firmes em sua cobrança por resultados, que melhorem suas vidas, fiscalizem o novo governo, e tenham paciência em todo o processo, que não será fácil, mas com a participação de todos, poderão imprimir a correção de rumos. Parabéns aos argentinos pela coragem! Toda êxito ao novo governo!

Fátima Vilanova é doutora em Sociologia