“As competências socioemocionais: uma análise crítica na Educação” – Por Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira é Mestre em Educação e Pedagogo pela UECE

“Não há como separar os processos cognitivos dos processos afetivos. Na verdade, essa lógica cartesiana de se pensar o ser humano dividido em planos separados é bastante questionável”, aponta o professor e pedagogo Bruno de Oliveira

Confira:

A discussão no campo educacional referente às emoções e aos sentimentos não é recente, apesar de a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) retomar o tema por meio do conceito de “competências socioemocionais” (CS) em 2017.

Na BNCC, pontua-se que dentre as várias competências que o estudante precisa desenvolver, encontram-se as CS: formas individuais de se lidar com o que se sente e se vive em nossas relações com o ambiente e seus desafios.

Autores de diversos campos já estudaram a relação entre emoções/sentimentos e os processos educacionais.

Não há como separar os processos cognitivos dos processos afetivos. Na verdade, essa lógica cartesiana de se pensar o ser humano dividido em planos separados é bastante questionável. Todas as dimensões humanas estão profundamente entrelaçadas e se influenciam mutuamente.

Além do mais, é impossível analisar o desenvolvimento de uma pessoa separada do seu contexto.

Logo, se falamos de CS como capacidades individuais de lidar com o mundo e as pessoas, estamos assumindo o posicionamento de responsabilização exclusiva do indivíduo por sua existência.

Na verdade, o conceito de competência ao lado de emoções e sentimentos soa contraditório. As pessoas que não desenvolvem as CS são incompetentes? Existe um padrão de como se deve sentir as coisas? Seria uma forma de alfabetizar as pessoas emocionalmente?

A escola é um lugar altamente afetivo (aqui se entendendo afetividade como aquilo que nos afeta). Pensar esse contexto implica em uma complexidade que não pode ser analisada em termos de competência. Até porque todas as emoções e sentimentos precisam ser vividos, entendidos e trabalhados.

Sendo assim, não temos um modelo de como sentir as coisas, as pessoas sentem de formas diferentes.

Bruno de Oliveira Sales Mota é Professor-Mestre da Escola Superior do Parlamento (UNIPACE), Doutorando em Educação pela UECE e Mestre em Educação e Pedagogo pela UECE

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