Com o título “As Eleições Presidenciais dos EUA e o Fim do ‘Ministério da Verdade’”, eis artigo de João Arruda, sociólogo e professor aposentado da Universidade Federal do Ceará.
As recentes eleições presidenciais norte-americanas continuam a gerar intensas expectativas na politica global, especialmente no Brasil. Durante o período pré-eleitoral, em diferentes momentos, surgiram fundadas denúncias de que o governo Biden, por meio do Departamento de Estado e diversas agências de Inteligência, principalmente a CIA, interferiu, de forma decisiva, no processo eleitoral brasileiro, garantindo a controvertida vitória do Lula da Silva.
De acordo com publicações amplamente repercutidas na mídia americana e brasileira, parlamentares republicanos e assessores do presidente eleito Donald Trump afirmam possuir evidências significativas dessa criminosa interferência. Se confirmadas, essas acusações podem levar Trump a questionar publicamente a legitimidade do governo de Lula. E as provas dessa interferência se amiúdam. No início de dezembro, as declarações de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado e ex-assessor de Trump, durante uma participação no podcast de Joe Rogan – amplamente reconhecido como o mais influente podcast do mundo, causaram grande alvoroço no establishment brasileiro.
Coerente com os novos ares políticos pós-eleição de Donald Trump, Mike Benz foi explícito, acusando o Governo Biden de, duas semanas após a vitória de Jair Bolsonaro, ainda no início de novembro de 2018, ter enviado uma força tarefa com o objetivo de boicotar e desconstruir a administração do presidente eleito, inviabilizando qualquer possibilidade de sua reeleição.
Segundo afirmou, essa empreitada foi coordenada por agências de inteligências americanas, incluindo a CIA, a USAID e contou com o apoio financeiro de diversas fundações globalistas. O grande objetivo dessa força tarefa foi de instalar um eficiente complexo industrial de censura. Esse sistema, apelidado por alguns críticos de “Ministério da Verdade” em alusão à distopia de George Orwell, sob o pretexto de combater a “desordem informacional”, institucionalizou a censura no Brasil, pondo fim á liberdade de expressão, sempre sob a surrada alegativa de que agiam em defesa da democracia.
Na sua formatação, a força tarefa americana contou com apoio incondicional de plataformas digitais, como Facebook, Instagram, Google, YouTube e Twitter, além da cooperação ativa de instituições como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), liderado por Alexandre de Moraes, responsável pela instrumentalização do judiciário, Universidades, da FGV, da Grande mídia, sob a liderança da Rede Globo e ONGs financiadas pela National Endowment for Democracy (NED) e pela Fundação Open Society, de George Soros.
O sistema de censura funcionou sem muitos atropelos até bater de frente com o Elon Musk, o poderoso dono da plataforma X (antigo Twitter) e atualmente o mais influentes dos assessores de Trump. Após algumas trocas de insultos, Alexandre de Moraes, de forma absolutamente ilegal, obrigou a empresa starlink, uma das empresas de Elon Musk em funcionamento no Brasil, a pagar R$ 18 milhões por suposto crime cometido pela plataforma X, e suspendeu suas atividades no Brasil por mais de um mês. Mas a eleição do presidente Donald Trump, como bem definiu a deputada republicana Maria Elvira Salazar, elegeu o novo Xerife da área, disposto a banir a censura e ditadores em todo o hemisfério ocidental.
Vejamos alguns fatos recentes:
Em 28 de dezembro, Trump apresentou um documento à Suprema Corte dos EUA defendendo a plataforma TikTok e condenando o banimento de plataformas como um precedente perigoso. Ele citou diretamente o caso do Brasil, onde o STF proibiu temporariamente o X, como um exemplo alarmante de censura institucionalizada. Logo após, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, após longa conversa com Donald Trump, anunciou mudanças na gestão das plataformas, incluindo a substituição de verificadores de fatos por notas da comunidade, inspiradas no modelo do X. “Os verificadores de fatos têm sido excessivamente parciais e minaram mais a confiança do que a construíram”, declarou Zuckerberg.
Em entrevista ao podcast de Joe Rogan, Zuckerberg acusou o governo Biden de violar a Primeira Emenda da Constituição ao promover censura nas redes sociais e exportar essa prática para outros países. Nela, em uma alusão sutil ao governo brasileiro, afirmou que países latinos criaram “Tribunais Secretos” para censurar o povo, e fez uma revelação surpreendente: “Irei trabalhar junto com o presidente eleito, Donal Trump, para combater a censura no mundo.
Finalmente, o Financial Times, em sua edição de 10.01.2025, publicou um longo artigo do republicano Peter Thiel, onde ele faz uma longa reflexão sobre a futura administração Trump, afirmando que “o seu retorno à Casa Branca presagia o apocalipse dos segredos do governo Biden, com sérias consequências para os que cometeram crimes na velha gestão”. Piter Thiel deixa implícito que serão revelados e denunciados criminalmente os governantes dos países que foram cúmplices de Biden.
Alguns analistas da mídia brasileira acreditam que teremos grandes novidade após a posse do Trump. Parece que poderemos ter chumbo grosso com a posse do novo Xerife. Não por acaso, nos últimos três dias, a mídia americana e brasileira vem revelando que o presidente Trump, logo após a sua posse no Senado, ainda no mesmo local, assinará mais de 100 Ordens Executivas, algumas com possíveis implicações sobre o governo e o judiciário brasileiro. Só uma pequena observaçãoi: o presidente Trump garantiu que irá “drenar o pântano” do deep state americano. Vejam, esse dreno poderá revelar segredos desconcertantes e implodir o nosso “Ministério da Verdade”.
*João Arruda
Sociólogo e Professor aposentado da Universidade Federal do Ceará.