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“As Relíquias e a Fé”

F.J.Caminha, escritor e ex-deputado. Foto: Divulgação

Com o título “As Relíquias e a Fé”, eis mais um conto dalavra de Francisco J. Caminha, escritor e ex-deputado estadual. 

Confira:

O sacerdote desejava realizar uma grande reforma na igreja de Santa Edwiges, mas não conseguia arrecadar os recursos necessários para a obra. Edwiges é uma santa de grande devoção no Brasil, especialmente, entre aqueles que enfrentam dificuldades financeiras, por isso, é considerada a padroeira dos endividados. A intercessão dela têm atraído milhares de fiéis que buscam alívio e orientação para lidar com a pressão das dívidas.

Nasceu na Polônia no século XIII em 1.174, na região da Silésia, atual Polônia. Ela dedicou sua vida a ajudar os mais necessitados, incluindo os endividados e os que passavam por dificuldades econômicas. Todo ano no dia 16 de outubro acontece em muitas igrejas do mundo as celebrações de seu nascimento onde ocorrem as procissões, missas e vigílias de orações, mas a paróquia precisava de um evento mais impactante para atrair muitos fiéis e peregrinos

Foi quando o sacristão teve uma ideia brilhante, adquiriu pela internet um “souvenir” de gesso no formato de um pedaço do osso do fêmur da santa cujas partes originais se encontram na cidade Trzebnica na Polônia e em outros locais do mundo.

Lançou o desafio para o padre que chegaria pela primeira vez no Ceará as relíquias da santa que viria da Polônia para ser exposta durante a festa religiosa. Os meios de comunicação de Fortaleza deram grande cobertura e o padre entrevistas anunciando que a relíquia “Ex Ossibus” chegaria na vésperas do início dos festejos sagrados iniciando-se com uma grande carreata do aeroporto até o santuário e uma multidão acompanhou o cortejo com grande alegria e entusiasmo.

Empresas privadas fizeram doações significativas para cobrir os custos da “viagem” e de toda festa, onde foi montado um palco para acolher shows de cantores católicos. Milhares de fiéis vindo até de outro estado acompanharam a procissão e participaram dos eventos.

Foi um tremendo sucesso a ideia iluminada do sacristão e com o dinheiro arrecadado em nome da poderosa e protetora santa o vigário iniciou a obra desejada.

Como a vida me ensinou a ser mais deconfiado, pressionei o sacristão para me contar a verdade sobre o evento e ele assim respondeu:

– Olha, Caminha o que importa é a fé.

Sabe que ele tem razão. A fé nos dá conforto, consolação e materializa desejos.

Tenho uma amiga advogada que é devota de Nossa Senhora das Vagas. Toda vez que está na busca de achar um local para estacionar o carro, a santa criada por ela atende o pedido.

Já, no meu caso, quando esqueço onde deixei as chaves do meu carro ou outro objeto eu faço minha devoção a São Longuinho:

– São Loguinho, São Longuinho se me ajudar achar as chaves eu te dou três pulinhos.

Assim que acho agradeço com os três pulinhos.

Afinal, como me disse o sacristão, o que importa é a fé.

*Francisco J. Caminha

Escritor e ex-deputado estadual.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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