Nós brasileiros recebemos espantados a notícia da conclusão pela Polícia Federal, do inquérito que apurou a suposta tentativa de golpe de estado, visando impedir a posse do Presidente Lula e seu vice Geraldo Alckmin. Aliás, os articuladores do golpe , frustrados com a posse dos eleitos à chefia do Poder Executivo, por conseguinte à chefia da nação, praticaram os atos criminosos do dia 08 de janeiro do ano próximo passado, invadindo e destruindo o patrimônio nacional nas sedes dos três poderes da República.
No entanto o que se extrai da apuração policial é de fazer tremer em suas tumbas os construtores da democracia brasileira, entre eles Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Teotônio Vilela e tantos outros que ao lado de verdadeiros patriotas ergueram o edifício democrático nacional, ao preço de muita luta, trabalho, sacrifícios e até vidas.
O que emerge da investigação tornada pública escancara o arbítrio, o desprezo às instituições democráticas e a sede de poder a qualquer custo, mesmo que para isso fosse necessário matar os eleitos e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
As tramas urdidas nos salões palacianos arrepiam o mais frio dos seres humanos. Os diálogos entre militares de alto escalão do governo pretérito desnudam não só o despreparo intelectual, mas e principalmente o despreparo ético e a ausência de compromisso com a pátria que juraram defender tanto quanto a democracia.
O que brota do inquérito policial, nos convence de que o chefe do poder executivo federal de então e seus asseclas, em sua maioria militares de altas patentes, formaram uma quadrilha visando se manter no poder agredindo a democracia, destruindo o patrimônio da nação e se necessário, até matando seus adversários eleitos. Evidenciada a abolição violenta ao Estado Democrático de Direito.
Os verdadeiros patriotas não podem ignorar os crimes praticados por alguns que ocuparam o poder no quadriênio 2019/2023. A nação espera sejam todos denunciados pelo parquete federal, submetidos ao devido processo legal, sendo-lhes dada ampla oportunidade de defesa, ao final se aplique a justiça, única forma de proteger a atacada democracia.
Edson Guimarães é advogado e especialista em Direito Eleitoral