Categorias: Opinião

“Até o vento me doía” – Relatos Organizados Por Mirelle Costa

Em referência ao Agosto Lilás, mês da conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres, a jornalista e escritora Mirelle Costa relata diariamente, neste espaço, casos que servem de alerta a todos nós

Confira:

(O texto abaixo foi escrito por uma mulher vítima de violência doméstica, atendida na Casa da Mulher Brasileira, em Fortaleza. O texto compõe a obra “Após a Morte do Conto de Fadas, a Ressurreição”, publicada pelo Senado Federal, e organizada pela jornalista e escritora Mirelle Costa. Este texto pode conter gatilhos emocionais que podem afetar algumas pessoas).

“Não”. Eu não sabia que o poder dessa palavra era tão forte e que, deste “não”, surgiriam várias situações; umas positivas, outras não.

Sou mãe, tenho trinta anos e, hoje, vivo uma nova fase da minha vida, pois antes vivia na escuridão, onde não poderia contar com ninguém e nem saber por onde começar a buscar ajuda.

Tudo que vi e passei não desejo a ninguém. Foram dias e noites de sofrimento, choro, meses de angústia e, nesse período, descobri gostar de alguém que acreditava ser meu refúgio. Como pensei, acreditava.

Tudo no começo são flores dentro de uma relação. Os defeitos podem ser bonitos até o ponto de você abrir a boca e falar um “não” e ser agredida pela pessoa de que você gostava, por quem daria a vida. Se eu fosse revidar, tudo virava briga. Passei por situações sem a ajuda de ninguém, era eu por mim mesma. Após vários momentos dolorosos, onde até o vento me doía, precisei morrer para mim mesma e para os outros até recomeçar novamente. Tive um novo começo com o sofrimento que passei e, hoje, tento não transparecer para minha filha, pois os meus passos serão um reflexo para ela.

É difícil ser mãe solo, ter novamente a confiança nas pessoas e saber que tudo pode voltar ou não. Sabendo que tudo o que fazemos tem sua reação, soube tomar decisões na hora certa. Tenho ajuda de pessoas que eu não imaginava que existiam e, hoje, também conto com a ajuda de uma família que não é minha, mas passou a ser depois da violência que sofri.

Quero sempre poder ajudar e dizer “não” mais vezes para mudar as situações difíceis. Sou vítima, mas não desisti.

Como uma fênix

(Diante de qualquer situação de violência doméstica, ligue 180, é a Central de Atendimento à Mulher, um serviço telefônico do governo federal que oferece acolhimento, orientação e informações sobre os direitos das mulheres, além de receber denúncias de violência contra a mulher)

Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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