“Atlas da Violência 2025: redução das taxas de homicídio e aumento da percepção da insegurança” – Por Luiz Henrique Campos

A insegurança que persiste. Foto: Agência Brasil.

Com o título “Atlas da Violência 2025: redução das taxas de homicídio e o aumento da percepção da insegurança”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, desta segunda-feira, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. 

Confira:

O Atlas da Violência 2025 divulgado na semana passada aponta que entre 2022 e 2023, houve redução de 2,3% na taxa de homicídio por 100 mil habitantes no país, com o Brasil atingindo o índice de 21,2, o menor dos últimos 11 anos. Em 2023, 45.747 pessoas perderam as vidas em face dos homicídios. Depois de uma estagnação nas taxas de homicídio entre 2019 e 2022, que estacionou no patamar de 21,7, voltamos timidamente à trajetória de queda iniciada em 2018.

O Atlas da Violência é uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e busca retratar a violência no Brasil, principalmente a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, incluindo informações sobre homicídios analisadas à luz da perspectiva de gênero, raça e faixa etária, entre outras.

A redução na taxa de homicídios, todavia, contrasta com pesquisa de opinião feita recentemente pela Genial/Quaest1, indicando que 29% dos entrevistados enxergavam a questão da criminalidade como o maior problema do Brasil. Essa proporção aumentou 19 pontos percentuais em pouco mais de um ano, uma vez que em dezembro de 2023, apenas 10% dos entrevistados citavam a violência. Mas por que esse contraste entre redução de crimes e a sensação de insegurança?

Um ponto relevante apontado pelos organizadores do Atlas, é que a prevalência de crimes e a percepção de segurança não necessariamente caminham juntas. Existiriam diversos aspectos nessa relação que, passariam pela intensidade de como os incidentes são tratados nas mídias e redes sociais, pela localização geoespacial dos conflitos e pela maneira como as pessoas se sentem expostas aos crimes praticados. Outro fator a ser destacado diz respeito à mudança do padrão de criminalidade.

Quanto a mudança do padrão de criminalidade, além da citada queda dos homicídios, em 2023 observou-se redução em quase todos os crimes contra o patrimônio praticados na rua, no comércio e nas residências. No entanto, o estelionato praticado em meios digitais aumentou nos últimos anos, alcançando quase dois milhões de registros de ocorrência, apenas em 2023, ou um golpe a cada 16 segundos. Nesse sentido, a transformação digital da sociedade ao mesmo tempo em que ajuda a revelar os altos níveis de violência que permeiam as relações sociais (inclusive intrafamiliares e relacionadas ao ambiente escolar, como o cyberbullying), traz em seu bojo novas relações que potencializam o medo do crime.

Ou seja, bem vindo ao novo mundo, onde, como bem diz a letra do músico e poeta Arnaldo Antunes,

cada vez mais plástico e menos água
cada vez mais casca e menos substância
o veneno apenas fortalece a praga
e a nau da insensatez sem freio avança
o passado já não traz aprendizado
o futuro se tornou uma ameaça
todo espaço está policiado
e a conduta mais comum é a trapaça
a caixa de pandora escancarada
das redes liberou o ódio anônimo
o medo é a arma mais usada
e a pior derrota é o desânimo

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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