Uma audiência pública, às 14 horas da próxima sexta-feira, no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri, vai discutir os impactos das obras do Cinturão das Águas (CAC) na Região do Cariri. O encontro será puxado pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa e foi requerido pelo deputado Renato Roseno (PSOL).
Queimadas, poeira, poluição sonora, circulação irregular de veículos, desmatamento, desvio no curso de riachos, poluição de mananciais, atraso nas indenizações, falta de informações e transparência por parte do governo e das construtoras..estes seriam os impactos sentidos por moradores dos distritos de cidades do Cariri atingidos pelas obras do CAC.
O encontro vai discutir os impactos socioambientais do Cinturão das Águas, obra que se arrasta há quinze anos naquela banda do Estado. Ao longo desse tempo, a CDHC já realizou três audiências públicas para discutir o tema: uma primeira em junho de 2015, na Câmara Municipal do Crato; uma segunda em abril de 2017, no Centro Cultural do Assentamento 10 de Abril; e uma última em novembro de 2023, na Câmara Municipal do Crato. Na audiência de sexta-feira, serão discutidos os impactos das obras nas comunidades dos trechos localizados nas cidades de Crato e Barbalha.
“Essa obra vem trazendo vários transtornos para a comunidade, pela questão do desmatamento, do assoreamento e também da poeira. É muita poeira, que afeta a questão da respiração de idosos, crianças, pessoas especiais, de todos, da comunidade no geral”, denuncia Francisco de Assis Nicolau, agricultor e vice-presidente da Associação Comunitária dos Agricultores Familiares Sagrada Família do distrito de Baixio do Muquém, no Crato.
De acordo com Nicolau, nos últimos tempos, as comunidades passaram a sofrer também com a fumaça dos incêndios no entorno das obras. “A gente ficou até assim neutralizado porque não tem informação sobre de onde vem, sobre como começou essa questão do incêndio, que é enorme”, alerta. “E não afeta só a nossa comunidade, mas toda a mata ciliar que a gente tem no relevo no sopé da Chapada do Araripe”.
Relato parecido faz a professora Cristina Nobre, moradora do Baixio das Palmeiras. “O CAC está passando de forma muito agressiva pela nossa comunidade, provocando muitos transtornos e muitas preocupações”, afirma. “Há muito desmatamento, muita poeira, muito barulho de máquinas trabalhando, inclusive fora do horário que foi combinado em reunião com a comunidade. Também há carros da empresa circulando em alta velocidade, sem respeitar o limite de velocidade da comunidade”.
Autor do requerimento da audiência, o deputado Renato Roseno lembra que, durante muito tempo, essas comunidades sofreram e ainda sofrem pela insuficiência de informações sobre o andamento da obra e se terão acesso à água que está sendo captada pelo projeto. “Outros questionamentos são sobre os impactos ambientais da obra, a implementação de estruturas de acesso dos moradores aos equipamentos públicos (escolas, postos de saúde etc.), a segurança dos moradores durante a execução e a compensação ambiental prevista no EIA/RIMA”, acetua..