Com o título “Bets no futebol”, eis artigo do jornalista Flamínio Araripe. Ele aborda tema polêmico e do momento.
Confira:
O futebol, esporte nacional, foi dominado pelo avanço das bets, as plataformas de apostas online. Literalmente, elas cercam o gramado nas partidas de grandes times, em anúncios nos luminosos de propaganda no estádio. Patrocinam os dois times de futebol que congregam as maiores torcidas no país, Flamengo e Corinthians.
Desde que foi aprovada a legalização das apostas on-line no Brasil, em 2023, as bets já levaram R$ 68 bilhões, afirma a Confederação Nacional do Comércio (CNC), que registra a
inadimplência de 1,3 milhão de apostadores no país por jogar dinheiro nas apostas eletrônicas. O Congresso movimentou a bancada das bets para abrir as porteiras do Brasil à jogatina.
O vício em jogos de azar, também conhecido como transtorno do jogo, é um condição reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS estima em US$ 400 bilhões a perda global anual em apostas. A revista científica inglesa ”The Lancet” alerta, em diagnóstico recente, feito por uma equipe de especialistas, que as bets ameaçam a saúde pública – já atingem 46% dos adultos no mundo e 17,9% dos jovens.
No Brasil, o jogo das apostas online incomoda aos bancos e à CNC, que assistem à migração das economias dos consumidores para os cassinos digitais.
O apostador viciado não vai pagar o financiamento porque o seu investimento em apostas é pura ilusão. Ilusão não dá retorno. O cliente não vai comprar na loja. Foram enfiados nas apostas a mesada doméstica, o dinheiro recebido do Bolsa Família, até o financiamento do agiota a juros galopantes, o pingado da aposentadoria, outras rendas e até herança.
Neste jogo, o VAR para checar lance duvidoso é quando o governo, que fingia ter resolvido a parada com um naco de impostos a mais, resolveu suspender as bets irregulares. Cartão vermelho! No rodo, levou até bets patrocinadoras de times de futebol famosos.
Dinheiro na mão é vendaval, diz o samba de Paulinho da Viola. Na falta de liquidez, resolveram apostar a sorte ou se liquidar no jogo de azar. O SUS está no banco de reserva, mas precisa entrar em campo para tratar a doença do vício.
Um outro lance duvidoso é a utilização das bets para lavar dinheiro do tráfico, que levou à prisão deinfluenciadora e cantor famoso. Aí tem!
Como bem canta Jackson do Pandeiro, esse jogo não é um a um.
*Flamínio Araripe,
Jornalista.