Categorias: Opinião

“Blindada pelo conhecimento” – Relatos Organizados Por Mirelle Costa

Em referência ao Agosto Lilás, mês da conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres, a jornalista e escritora Mirelle Costa relata diariamente, neste espaço, casos que servem de alerta a todos nós

Confira:

(O texto abaixo foi escrito por uma mulher vítima de violência doméstica, atendida na Casa da Mulher Brasileira, em Fortaleza. O texto compõe a obra “Após a Morte do Conto de Fadas, a Ressurreição”, publicada pelo Senado Federal, e organizada pela jornalista e escritora Mirelle Costa. Este texto pode conter gatilhos emocionais que podem afetar algumas pessoas).

Em meio a todas essas leituras que estamos fazendo sobre os relatos de agressão que ocorreram em nossas vidas, percebo que, mesmo diante de todas essas situações, tivemos forças para superar.

Percebi que, quando paramos para escrever sobre algum sentimento momentâneo, por um desejo de colocar para fora, acabamos nos esvaziando na escrita, como uma terapia.

É libertadora a sensação de expressar em letras aquilo que sentimos. A cada leitura, vi alguns pontos parecidos entre nossas histórias que parecem se entrelaçar.

Um dia alguém disse que nós, mulheres, somos como vasos frágeis e eu sempre me perguntava:

— Se sou um vaso, vou viver sempre quebrado ou rachado? Por que não tenho a força física de um homem? Por que, em uma luta corporal com um homem, posso sair ferida e machucada?

Era isso que eu pensava até chegar ao ponto de observar que, mesmo não tendo a capacidade corporal e física de suportar mais peso que um homem, talvez eu consigo suportar mais dores.

Percebi que, em cada relato e história, a nossa fragilidade está ligada às nossas emoções, porque a mulher é mais intensa e vulnerável ao amor. A mulher, quando é mal compreendida e mal interpretada ou decepcionada e traída, é ferida na alma.

Será que sempre vamos ser assim? Por que tudo mexe com minha alma?

Foi quando percebi que o conhecimento pode funcionar como uma blindagem. Conhecer meus direitos como mulher e saber aonde posso chegar me dá força e transforma aquilo que parece frágil.

Essa protagonista que vos fala se chama L. Tenho trinta e um anos. Sou feliz, tenho quatro filhos que são uma benção e estou, sim, lutando pela guarda dos mais novos.

Depois de tanta decepção, pela primeira vez, sinto que estou apaixo- nada por alguém. Nunca tinha sentido isso na vida. Ele também sofreu muito. Percebo que, da mesma forma que existe homem cafajeste e sem caráter, também existe mulher. Hoje a gente se ajuda e respeita as limitações um do outro. Depois de muito tempo lutando, posso dizer que não dependo de homem para ser feliz.

L.

(Diante de qualquer situação de violência doméstica, ligue 180, é a Central de Atendimento à Mulher, um serviço telefônico do governo federal que oferece acolhimento, orientação e informações sobre os direitos das mulheres, além de receber denúncias de violência contra a mulher)

Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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