Com o título “Bom restaurante”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovitera, arquiteto urbanista, escritor e artista plástico.
Confira:
Mais uma vez eu seguia viagem pelo interior do estado, acompanhando um amigo político. Lá pelas tantas, ele me perguntou se eu conhecia algum restaurante bom ali pelas redondezas. Respondi que sim, de pronto, e já fui apontando um.
Paramos, esperamos a poeira baixar, e descemos do carro. Sentamo-nos à mesa, e o garçom logo apareceu com o cardápio. Pedimos uma cerveja, que chegou no ponto: bem gelada, véu de noiva. Brindamos e começamos a beber.
Mas logo a coisa foi ficando desconfortável. As moscas não davam trégua. Era gole num copo, mão tapando no outro. Uma agonia. O deputado foi se irritando e, meio impaciente, perguntou como é que eu tinha coragem de chamar aquele lugar de bom restaurante.
Chamei o garçom, pedi para falar com o dono, e ele mesmo respondeu que era o patrão da casa. Então perguntei: “Rapaz, o que é que está acontecendo hoje aqui para ter tanta mosca assim?” E ele, sem titubear, respondeu: “Vai ver que é porque hoje nós lavemo os banheiro…”
Pedimos a conta, pagamos e seguimos viagem.
*Totonho Laprovítera
Arquiteto urbanista, escritor e artista plástico.
