“A política partidária tem afastado muitas pessoas, da reflexão, do acompanhamento e do voto”, aponta o professor e historiador João Teles.
Confira:
Virou galhofa o que houve, em São Paulo, com dois candidatos a prefeito, da maior cidade do País e uma das maiores do Mundo. Em um debate, sem ideias (ou com poucas delas), dois homens – um deles, já de cabeça branca – entraram em confronto, por causa de picuinha. Desrespeito total, aos telespectadores, eleitores e contribuintes. Que péssimo exemplo, São Paulo. Que horror ver aquilo tudo.
A cidade que deveria ser modelo de civilidade e gentileza, patrocinou, a (boba) emboança. É duro de acreditar.
Quando o eleitor quer, ouvir e ver propostas, para decidir seu voto, lhe aparecem candidatos, que não tem o menor respeito por ele ou pela democracia. Desequilíbrio, foi o que se viu.
Muitos consideram que o debate, do tipo exibido pela TV, já está exaurido. Clama-se por um novo modelo. Um que possa dar ao cidadão, mais subsídios; que possa ele entender melhor os dramas enfrentados pela cidade. E claro, consiga entender melhor o que pensa cada candidato, diante dos dramas e chagas da cidade e de seu povo. É exigir o mínimo.
No Brasil, infelizmente, o cidadão só é visto e levado em consideração nessas datas; datas essas que vem para o cidadão, como algo contra vontade. Nada disso, é escolhido pelo cidadão, que já está enfrentando os muitos problemas, do dia a dia.
A política partidária tem afastado muitas pessoas, da reflexão, do acompanhamento e do voto. Não está fácil para o cidadão se vê, só pagando a conta. O pessoal aparece candidato, ganha ou perde a eleição e some, outra vez. Não dá mais as caras, não visita a comunidade; não tem mais um debate, um seminário, um encontro… nada.
Daí dois anos depois, lá se vem tudo de novo; as ruas enchem-se, outra vez, de sujeitos bem-intencionados e cheios de ideias. Os mesmos que por ali estiveram, antes da última hibernação. É assim que o cidadão brasileiro tem sido tratado.
É desolador. Esse processo mal conduzido ou mal planejado, envergonha as pessoas, tira muitas delas das discussões, tão importantes, para a compreensão dos fatos. Desse jeito, a política se faz menos e deixa de ser a Política, que nos interessa.
João Teles de Aguiar é professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura
Uma resposta
É uma realidade tudo isso. Vem eleição, vai eleição e nada muda, professor!