“Campo progressista sem opção para Senado em 2026” – Por Valdélio Muniz

Valdélio Muniz é jornalista, professor e mestre em Direito. Foto: Divulgação

Com o titulo “Campo progressista sem opção para Senado em 2026”, eis artigo de Valdélio Muniz, jornalista, analista judiciário e mestre em Direito Privado. “(…) não é recomendável escolher com base nos critérios apenas de quem os apadrinha se tais escolhas nem de longe combinam com o perfil mínimo esperado pelos verdadeiros árbitros desse jogo. Subestimar o eleitor é muito perigoso”, expõe o articulista.

Confira:

Aproxima-se a disputa eleitoral de 2026 e os eleitores do chamado campo progressista encontram-se num grave abandono. Sem opção entre os candidatos até agora prenunciados ao Senado, teme-se o grave risco de se repetir o que aconteceu em 2018, à época com a eleição de Eduardo Girão (hoje, quem sabe, com outro nome ainda mais lamentável), não por empolgação do eleitorado, mas como resposta de parte expressiva dos eleitores (e omissão de tantos outros), em forma de voto “útil” (terá mesmo sido útil?) em oposição ao principal concorrente de então (Eunício Oliveira).

Afora as naturais e justificáveis resistências de muitos ao nome do deputado federal José Guimarães (que, pelo menos, reconheça-se, tem mantido coerência e firmeza em seu histórico de filiado e líder petista, na defesa do Governo Lula e de temas sociais em seu mandato parlamentar), o quadro se mostra muito mais tenebroso quando se especula qual seria o outro nome a representar a chapa situacionista. Isso porque aquele ainda com maior chance de reeleição, senador Cid Gomes (PSB), resiste a pleitear uma raríssima (na história cearense) recondução ao posto.

Mais grave do que a resistência de Cid em ser novamente candidato ao Senado é a indicação que ele propõe para ocupar seu lugar. Num momento em que o Governo mais precisa de base sólida no Senado (até para servir de anteparo às presepadas partidas da casa legislativa ao lado), insiste-se num nome que, nem de longe, tem demonstrado até aqui merecer a confiança do eleitorado progressista e a imprescindível afinidade com causas sociais. É preocupante perceber que, para muitos, parece mais relevante possuir uma rede de apoiadores em gestões municipais (sabe-se lá a que custo, como há tempos sinalizam as investigações conduzidas pela Polícia Federal).

A responsabilidade na escolha dos candidatos que comporão a chapa majoritária está nas mãos das lideranças dos partidos que integram cada bloco político (situação e oposição). Mas, o acolhimento dos seus escolhidos dependerá da bênção da maioria do eleitorado. Portanto, não é recomendável escolher com base nos critérios apenas de quem os apadrinha se tais escolhas nem de longe combinam com o perfil mínimo esperado pelos verdadeiros árbitros desse jogo. Subestimar o eleitor é muito perigoso.

É ilusório acreditar que eleição ainda possa ser ganha somente pela força do marketing, sobretudo quando restam, sobre os nomes escolhidos, argumentos suficientes para um fácil contramarketing. A consequência pode ser a derrota coletiva, seja por eleger candidatos que, no decorrer dos seus mandatos, não mantenham posturas coerentes com a expectativa dos eleitores, seja por ver o campo adversário sair mais uma vez vitorioso.

Não são apenas as escolhas dos eleitores que têm consequências. Elas se desenham a partir da indicação de candidatos pelas respectivas alianças. O que o eleitor fará, diante da urna, será abraçá-los ou ou refutá-los sem dó nem piedade e sem, necessariamente, se apegar aos mesmos critérios daqueles que os indicaram, inclusive para lhes dar também o recado de que seus anseios e expectativas precisam ser considerados. Trata-se de uma lição que se deve aprender com amor ou, tão somente, com dor.

*Valdélio Muniz

Jornalista, analista judiciário e mestre em Direito Privado.

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