“O contraste é senhor. Labuta e lazer intercalados, é o melhor dos mundos”, aponta a jornalista e publicitária Tuty Osório. Confira:
Houve tempo que aproveitava a viagem para adiantar trabalho. Terminar trabalho. Computador no colo, escrevia em avião, carro, aeroporto, praça. Fiz muito relatório de pesquisa no trajeto entre mil destinos. Ganhando o tempo do sono. Muitas vezes o tempo que não havia.
Hoje, a não ser que seja imprescindível, não faço mais assim.
Gosto de ver filmes baixados no celular durante os voos. Chego com antecedência ao embarque e coloco-me em dia com os documentários, podcasts e debates do YouTube.
Na aproximação e pouso ouço música com os fones, ficando mais linda a vista, pela mini janela da aeronave.
Leio com concentração maior, faço anotações para criação de enredos.
Outro dia tive que varar o terminal de Guarulhos atrás de uma tomada livre pra carregar o computador e concluir um projeto. Três horas no batente e longe do sonho que é não fazer nada de empreendedor.
Amo muito o meu trabalho que paga as contas. Tenho a sorte de ganhar essa parte da vida fazendo algo que me gratifica.
Como já confessei muitas vezes, sou um tipo de nômade e o trabalho leva-me a muitas paragens. Entretanto, como amo, também, ficar à toa!
Acordar cedo aos domingos e ler deitada, após uma caneca graúda de café puro ao começar do dia. Ver um filme de tarde, emendado em outro, sem horário pra nada.
O contraste é senhor. Labuta e lazer intercalados, é o melhor dos mundos.
Nesse romance meu com as viagens, a delícia maior é caminhar devagar até o momento de entrar. Tomar acento com vagar e mergulhar numa fruição sem prazo, além do da chegada ao próximo porto.
Tuty Osório é jornalista, publicitária, especialista em pesquisa qualitativa e escritora. Lançou em 2022, QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos); em 2023, MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA (10 crônicas, um conto e um ponto) e SÔNIA VALÉRIA A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho); todos em ebook, disponíveis, em breve, na PLATAFORMA FORA DE SÉRIE PERCURSOS CULTURAIS