“Com maior ou menor resistência, aproximação ou distância, enfrentou duas longas ditaduras, que não primavam pelos direitos civis e políticos da maioria da população, muito menos os de estudantes”, aponta o deputado federal Eunício Oliveira.,também presidente regional do MDB.
Confira:
A democracia e as liberdades de organização e opinião de várias gerações de cearenses devem muito à Casa do Estudante do Ceará. Que lá deram os primeiros passos sozinhos na vida, nem sempre já preparados para os adultos desafios. E de lá saíram como destacados profissionais.
Onde aprenderam que a solidariedade é forjada pela amizade e pela a cumplicidade de colegas e novos amigos, formando uma juventude plural em idéias políticas, raças, filosofias de vida e crenças.
Muitas vezes também pelos ensinamentos dos antagonismos típicos da democracia dos movimentos estudantis ou pelas diferenças culturais do variado mosaico formado pelas origens interioranas de onde viemos. Descendente do Centro Estudantal (com a mesmo) Cearense, este fundado em 1931, a CEC que conhecemos foi fundada em agosto de 1934 e plenamente concluída em agosto de 1952.
Nesses 90 anos de fundação manteve o princípio de servir de ponto de referência e morada para estudantes secundaristas e universitários sem recursos para alugar quartos ou ficar em hotéis, mesmo nos mais populares.
Nesse período viveu momentos de glória, mas também de muitas dificuldades até para conseguir construir seu prédio próprio, inaugurado em 1941, e para se manter. Mesmo sendo uma entidade filantrópica, chegou a ser destacada como uma das maiores repúblicas de estudantes da América Latina.
Com maior ou menor resistência, aproximação ou distância, enfrentou duas longas ditaduras, que não primavam pelos direitos civis e políticos da maioria da população, muito menos os de estudantes normalmente considerados ‘aqueles subversivos’, a da Era Vargas e seu Estado Novo (1949 a 1945), e a de 1964, que manteve os militares no Poder até 1985.
Com muita honra, guardo na memória o dia em que deixei minha família em Lavras da Mangabeira, ainda menino e lá cheguei para completar meus estudos secundários e depois prestar vestibular com sucesso. De família humilde, estava entre aqueles que não podiam pagar nem dividir um quarto de uma pensão, por mais barata que fosse.
Com o orgulho que só um ex “cequiano” é capaz de medir, me elegi Presidente da CEC e senti na pele e no coração as dificuldades que precisam ser enfrentadas, até hoje, para dar manutenção a tamanha estrutura e seus problemas de encanamento, fiação elétrica ou manter em funcionamento o Restaurante Universitário.
Foi assim que aprendi a importância da atuação política como ação de resistência e transformação. Era de lá que saímos para protestar contra a ditadura, exigir liberdade e lutar por melhores condições de ensino.
Desde então, acompanho suas dificuldades com auxílios que estão ao meu alcance. Como Senador, enviei recursos para a reforma da CEC e doei mobiliário, como mesas, cadeiras, gaveteiros e armários para os residentes. Esforço reconhecido pelas várias homenagens que recebi.
Além da imensa gratidão por essa instituição que moldou boa parte da minha formação, acompanho e colaboro com a CEC porque realmente acredito na educação como o instrumento mais eficaz para melhorar o futuro de todos.
Eunício Oliveira é deputado federal