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“Casas, sonhos e pessoas” – Por Totonho Laprovítera

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Casas, sonhos e pessoas”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico. “Mas sonhar com uma casa própria vai além de somente ter um lugar para morar. Ela simboliza estabilidade, segurança e autonomia. É a materialização de um desejo de pertencimento, de fincar raízes e de se sentir, de fato, em casa”, expõe o articulista.

Confira:

O sonho da casa própria faz parte do projeto de vida de muita gente e continua sendo uma das maiores aspirações dos brasileiros. Pois é, ter um teto próprio é um desejo forte, mas, para transformar esse sonho em realidade, é preciso planejamento, pé no chão e um bom olhar para encontrar um lugar que se encaixe nas necessidades e nas posses de cada um.

No entanto, muitas vezes, esse sonho vira um problemão. Muita gente se mata de trabalhar, corta o supérfluo, aperta daqui e dali, sacrificando até o essencial. Para alguns, a conquista tão desejada acaba tornando o sonho em pesadelo.

Mas sonhar com uma casa própria vai além de somente ter um lugar para morar. Ela simboliza estabilidade, segurança e autonomia. É a materialização de um desejo de pertencimento, de fincar raízes e de se sentir, de fato, em casa.

E se a gente levar essa ideia para um plano mais espiritual? Pois bem. No mundo dos sonhos e dos sentimentos, a casa representa o nosso eu interior, espelha nossas emoções, nossa personalidade e até nossa estrutura de vida.

Falando nisso, o livro “A Casa”, de Natércia Campos, tibunga na memória e no afeto. Nele, a protagonista retorna à casa da infância e, ao cruzar seus cômodos, revisita lembranças marcantes. A casa, nesse romance, não é apenas cenário, mas personagem viva, acolhedora de saudades a cochichar histórias ao tempo.

E eu penso assim. Para uma casa virar lar, ela necessita ter alma. Precisa pulsar com quem abriga, guardar segredos nos cantos, entoar risadas e silêncios. Carece sentir os passos de quem chega e vestir a ausência de quem parte. Uma casa de verdade nunca está vazia. Ela segue existindo no coração de quem a habitou, como um sonho nunca desfeito.

Então, o sonho da casa própria pode representar a realidade da sua própria casa. Porque ela é pertencimento. É o canto onde se encontra paz, vive-se e se sente acolhido. No aconchego do lar, as histórias constroem memórias e se celebra a vida. Muito além de tijolos e telhas, a casa de verdade mora dentro da gente.

Por fim, eu poetizo: Era um mês como outro qualquer, quando ouvi o silêncio falar. Era um tempo em que a felicidade morava em casa de porta e janela. Desenhando caminhos na vida, sem saber onde ia chegar, dizia muito com poucas palavras, eu vivia buscando acertar. Pensava sobre as pessoas, do que delas podia esperar. Desde então, vi que apenas são, o que elas conseguem ser. Meu coração hoje bate mais forte – da caixa só falta escapar – quando a distância me faz sentir tanta saudade para tão pouco eu.

Assim são as casas, os sonhos e as pessoas.

*Totonho Laprovítera

Arquiteto urbanista, escritor e artista plástico.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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