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“Ceará Negro e outros temas de África”

Luís Sérgio Santos é professor de Jornalismo da UFC. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Ceará Negro e outros temas de África”, eis artigo de Luis Sérgio Santos, jornalista e professor do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará. Ele aborda livro de Flávio Paiva, que está sendo lançado, nesta terça-feira, no campus da Unilab, em Redenção (RMF).

Confira:

A Data Magna do Ceará, 25 de março, é uma homenagem ao movimento de jangadeiros liderado pelo aracatiense Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde e, posteriormente, Dragão do Mar. Em 25 de março de 1884, o Ceará aboliu a escravidão por um ato dos jangadeiros: eles se recusaram progressivamente a  transportar negros escravizados e embarcá-los nos navios ancorados na baía de Mucuripe, em Fortaleza, e em outros pontos de embarque. Este ato rebelde estancou o comércio escravagista no Ceará. Sem o jangadeiro que conectava o continente aos navios, o comércio negreiro ruiu.

A partir de 2012, a Data Magna do Ceará passou a ser feriado estadual. Mais um feriado letárgico, sem celebração, sem consciência crítica sobre o seu real significado: “O que estamos comemorando mesmo?”

É possível que este 2025 venha a ser um marco na construção de uma consciência crítica sobre a Data Magna. E a contribuição visceral emerge do polimorfo jornalista, ensaista e pesquisador Flávio Paiva que lança neste 25 de março, no palco da UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, “Ceará Negro e outros temas de África”. O livro vem com trilha sonora de autoria de Flávio Paiva e Paulo Lepetit, um reggae na voz de Virginia Rosa.

“Este livro é um ato de cidadania, preparado com o objetivo de dar concretude à vontade que sempre tive de que a data de 25 de março não seja apenas um feriado no Ceará”, escreve Paiva, na introdução. Ele defende que, dentre outras coisas, a data seja “uma grande festa de fortalecimento da negritude e do antirracismo”. O local do lançamento não poderia ser mais simbólico: a UNILAB, em Redenção (CE).

O livro é uma imersão na diversidade da cultura africana, com o olhar transversal do autor. Vai da música à geopolítica, passando pela interpretação de como os produtos culturais, notadamente o cinema, se debruçãm sobre a complexidade do continente.

Apaixonado por livros, Flávio Paiva nos presenteia com uma edição primorosa, cheia de sutilezas gráficas, decorrentes do capricho do autor e de seus pares em relação à forma: produção gráfica, design, impressão e acabamento.

Mas o que realmente importa é o espírito de africanidade que o autor incorpora e traduz nesta obra, que, espero, seja o início de um novo ciclo nas comemorações desta Data Magna do Ceará.

*Luis Sérgio Santos

Jornalista e professor do Curso de Jornalismo da UFC.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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