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“ChatGPT e a escola que não faz o dever de casa”

Mauro Oliveira é professor do IFCE

Sir Elon Musk e outros frequentadores do clube highlight das bigtechs surpreenderam recentemente o planeta com o anúncio: “parem o mundo da IA que eu quero descer”. De fazer corar a dupla Stanley Kubrick & Arthur Clarke, produtores do memorável “2001 Odisseia no Espaço”, a carta de boas intenções dos bilionários foi vista como um alerta à humanidade, exceto pelos frequentadores da Wall Street em Manhattan, com DNA à flor do money.

Tem sempre interesses por trás de surpreendentes boas intenções destes danados por grana, notáveis capitalistas de um planeta onde ainda se morre de sede (Salve Salve, Missionário Diviol Rufino no Quênia). “Esse tal de Erlon quer mermo é fazer sozinho esse GiPiTi, sem a concorrência, né não?”, diria desconfiado Toin da Meruoca, primo cruzado de Totonho Lavrovitera do IRACEMA Digital.

Com impacto mediático de fazer inveja à clonagem da ovelha Dolly, em 1996, a missiva de Musk e “correligionários”, como o CEO da Open IA, Sam Altman, nos remete à bala de prata da avant-première de Kubrick & Clarke, em 1968, com o computador HAL (Heuristically programmed ALgorithmic), letras que antecedem IBM, a hegemônica bigtech dos anos 60.

Eis que décadas depois surge algo que ressuscita o HAL transcendendo a regra mater da computação, apimentando a heurística no trato com o desesperado comandante David Bowman ao tentar desligá-lo. Trata-se da nova tecnologia “Generative Pre-Trained Transformer” do ChatGPT, a chamada IA Gerativa, tem o poder de gerar automaticamente algo que se lê como um texto escrito por humanos, o que não se via, até então, mesmo nas já notáveis Redes Neurais preditivas capazes de terraquices tais como identificação facial dos Marcolas, digital da Unimed e de outras marmotas até então só realizáveis pelo sapiens do Yuval Harari.

O que se pode esperar que alguém escreva depois de ver o que foi escrito em bilhões de páginas da web? É o que o abestado do ChatGPT faz… artificial e inteligentemente. Neste contexto, é interessante destacar que o ChatGPT, ao “combinar um significado”, o faz com probabilidades. Ou seja, a “compreensão semântica” que suporta as respostas em tempo real da Elisa (robô da Microsoft) não passa de uma ruma de matrizes matemáticas engendradas por algoritmos da nova IA Gerativa.

Num contexto de um futurismo bem ali, lá acolá, uma pergunta que não quer calar: qual o impacto desta IA Gerativa no mundo do trabalho? Os mais otimistas dizem que tudo se acomodará, a exemplo da revolução industrial e a automação eletrônica mais recente. Esquece, essa turma do Malbec do “copo meio cheio”, que a popularização da máquina a vapor demorou 120 anos, os automóveis 40, a internet 10 anos enquanto o ChatGPT alcançou a incrível marca de 100 milhões de usuários em uma semana. Ou seja …

“Livros pra que te quero?”. É na Escola (lato senso) que se ancora a esperança de um planeta melhor, uma sociedade mais justa, menos desigual. O atraso desta Escola é visível ao não ter ela percebido a revolução causada pela web e que desmantelou o arcaico modelo educacional, ainda em uso em algumas cercanias, onde o conhecimento fica guardado a 7 páginas no Caderno Avante do professor.

“A Escola que é reflexo da sociedade não serve pra ela”. A IA Gerativa no mundo do trabalho avisou desde 2021, antes de nos assustar em 2023, que vai fazer desaparecer muitas profissões ainda em 2025, em especial aquelas suportadas por conhecimento. A exemplo da web que só revolucionou, porque fez a internet chegar à mão do usuário (até então ela era um privilégio de universidades e grandes corporações), a IA Gerativa do ChatGPT e similares (Bart, Gemini, etc.) inaugura a chegada da Inteligência Artificial ao homem comum, “dialogando” no lugar de disponibilizar links. E a Escola? Tá nem aí!

“A Escola é o local seguro para as transformações sociais”. Sim, a Escola deveria ser o principal esteio para a análise crítica das ameaças e oportunidades para a sociedade, sejam elas sociais, culturais, econômicas, tecnológicas. Mas parece que ela prefere ficar com a “boca escancarada, cheia de dentes, esperando” … o desemprego chegar, diz a turma do Malbec do “copo meio vazio”.

Perguntei ao ChatGPT 4.0 sobre o papel da Escola ante às inovações aqui citadas, insisti com prompts tentadores, mas desisti. Não é pra menos. Como explicado, a IA Gerativa do ChatGPT cria respostas a partir do que seus bilhões de parâmetros “lhe dizem”. São parâmetros de fontes conservadoras, de uma Escola que não tá nem aí. Que não tá fazendo o seu Dever de Casa.

Ah, (by the way)! Este artigo não foi feito pelo Chat GPT… rsrs.

Mauro Oliveira é professor IFCE

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