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“China, grande beneficiária do choque Trump-Zelensky”

César Fonseca é jornalista

“Xi Jinping, o líder chinês, pode ser o grande beneficiado do grande escândalo internacional”, aponta o jornalista César Fonseca

Confira:

Xi Jinping, o líder chinês, pode ser o grande beneficiado do grande escândalo internacional que foi o encontro entre Trump e Zelensky, no Salão Oval da Casa Branca.

Zelensky, humilhado, abandonou a conversa e voltou para a Ucrânia.

Não atendeu o que Trump queria: assinatura de acordo para entregar aos Estados Unidos terras raras ucranianas.

Elas corresponderiam à indenização de 500 bilhões de dólares que Trump está cobrando de Zelensky pelo gasto americano na guerra que financiou a Otan para usar a Ucrânia nazistificada por golpe de estado como cabeça de ponte para invadir e derrotar a Rússia.

A estratégia, armada pelo ex-presidente democrata Joe Biden, deu com os burros nágua.

O presidente americano, agora, para punir Zelensky, vai mandar soldados e empresas para explorar a riqueza mineral lá, sem o acordo que pretendia?

Entraria ou não em choque com o líder russo, Vladimir Putin, com o qual não quer briga, mas, também, acordo, que tem de ser bom para as duas partes?

Sem um acerto geral entre Rússia e Estados Unidos, dificilmente, isso seria possível.

A Europa, certamente, ficou satisfeita com o impasse provocado pela atitude de Zelenski, que desejava garantia americana de ter tropas dos Estados Unidos para proteger a Ucrânia de eventual invasão russa, contra a qual não teria forças para resistir.

Porém, os europeus, sem o apoio americano, não terão condições de obter o que pretendem: ter, igualmente, tropas europeias em território ucraniano, para participar do botim, isto é, meter a mão nas riquezas da Ucrânia, como querem Trump e Putin.

Quem, então, dispõe de cacife internacional para colocar as partes na mesa, Rússia, Estados Unidos e até União Europeia e Ucrânia, excluídas da conversa entre as duas potências por não disporem de força material para isso?

Só a China, a economia mais forte do mundo, que ultrapassou os Estados Unidos pelo critério de paridade de poder de compra, teria condições de ser interlocutora.

Essa é a opinião do diplomata, jornalista, cientista social e empresário esloveno, Stefan Bogdan Salej, representante da Eslovênia e da União Europeia para a América Latina e ex-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais(Fiemg).

A China, segundo ele, pode, com sua diplomacia da paciência, colocar todos para negociar, inclusive, os excluídos por Trump, Ucrânia e União Europeia.

A Rússia sem o apoio chinês não tem recursos para continuar o conflito, como a Ucrânia sem apoio dos Estados Unidos.

Fazendo isso, os Estados Unidos podem vir a reboque.

A União Europeia fica fortalecida, Rússia resolve o conflito e ganha território que queria, China, da mesma forma, ganha os minerais que seriam dos Estados Unidos, e estes não precisam mais de despender dinheiro na Ucrânia.

Em resumo, o lobo está com barriga cheia e a ovelha está viva, diz Stefan.

A China se coloca como importante player na política internacional, jogando com proverbial calma chinesa.

Mais uma vez, argumenta o diplomata esloveno, fica comprovado, que jogar xadrez requer mente fria, lembrando, Spasky, que faleceu esses dias, e Bobby Fisher, enxadristas russo e americano, respectivamente.

Mas, mesmo quando se quer usar o taco de baseball – diz, dando uma estocada no brutamontes Trump – é mais eficiente fazer isso com mente controlada.

Espetáculo diplomático

O sofisticado diplomata europeu, que exercitou a arte empresarial em Minas Gerais, para onde estaria novamente voltando, destaca que Trump se deu mal em passar por cima da arte diplomática.

“A tradição diplomática diz que você só vai com visitante perante público com assuntos resolvidos e que as divergências se resolvem em privado.

“Trump quis mostrar em público com ajuda de seu vice Vance que é dealmaker: acordo de acesso às reservas minerais da Ucrânia e fim do conflito com Rússia seria uma grande vitória.”

Deu errado.

Um espetáculo inesquecível para história diplomática.

Feliz ficou a China, que permitiu a Rússia continuar o conflito, e estava vendo essa manobra de Putin com Trump com desconfiança, aliás um fator permanente nas relações entre os dois países.

A atitude anti-diplomática de Trump, enfrentando, com armas poderosas um adversário fraco, para tentar humilhá-lo, produziu o que o líder republicano jamais gostaria que acontecesse: a abertura para a China entrar como protagonista na negociação Estados Unidos-Rússia.

Afinal, Trump desperdiçou a oportunidade de ser discreto, preferindo fazer exibição de força, que colocou suas chances mais distantes para serem alcançadas ou, mesmo, inalcançáveis.

César Fonseca é repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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