Como forma de evitar que ex-dirigentes do Banco Central possam exercer um tráfico de interesses quando em suas funções, em troca de altos cargos e altos salários no mercado financeiro, quando retornarem para a iniciativa privada, o senador Cid Gomes (PSB-CE) apresentou nesta terça-feira (1°) o projeto de lei n° 144/2025 que aumenta de seis meses para quatro anos no tempo para que os dirigentes do BC possam voltar a trabalhar no mercado financeiro, a chamada quarentena.
O senador cearense citou o exemplo do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que assumiu hoje como vice-presidente e chefe-global de políticas públicas do Nubank, apenas seis meses após deixar a função.
“Não é coincidência que, ao final de seu mandato, o presidente do Banco Central, responsável por conduzir a política de juros mais restritiva do planeta, tenha sido contratado por uma das maiores instituições financeiras privadas do país. Isso não é coincidência institucional, é confluência de interesses”, apontou Cid.
Para o parlamentar, juros altos, inflação acima da previsão e falta de recursos para investimentos mostram que “o BC está verdadeiramente comprometido com o mercado financeiro e não com o povo brasileiro”.
“O que se vendeu como autonomia revelou-se uma transferência de poder sem os devidos freios e contrapesos. O Banco Central pode até ser, formalmente, independente do governo. Mas é, na prática, profundamente dependente do mercado financeiro. E essa dependência não é retórica”, afirmou.