“PL nacional irá ditar os rumos das candidaturas majoritárias no Ceará: presidente, governador, senadores”, aponta o jornalista Nicolau Araújo
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Arrogante, homofóbico, misógino, língua ferina, coronel… Ciro Gomes já recebeu todo tipo de adjetivos durante sua longa carreira política, uns pertinentes, outros não. Mas ninguém nunca ousou dizer que Ciro não é transparente. Fala o que pensa, não mede consequências, mesmo que isso resulte em (vários) processos judiciais ou mesmo em prejuízo a algum apoio político.
Após a declaração do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de apoio do partido a uma possível candidatura de Ciro, ao Palácio da Abolição, eis o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes em entrevista neste fim de semana, em Goiânia, durante o 30° Congresso Nacional de Administração, de um (Jair) Bolsonaro corrupto, quando justificou a falta de interesse de uma aproximação do bolsonarismo.
Enquanto insistem em tirar da gramática outros adjetivos contra Ciro, trago mais uma qualidade do ex-governador do Ceará: burro ele não é.
Ciro Gomes sabe das habilidades políticas do presidente nacional do PL, que há tempo busca se desgarrar do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Os acenos de Valdemar apontam para o fim do bolsonarismo.
O próprio Lula se valeu desses acenos, quando trocou o termo “patriotismo” por “nacionalismo”. E se deu bem! Os patriotas ideológicos, que antes se identificavam com a causa bolsonarista, agora defendem o produto nacional e engrossam os índices de recuperação da imagem do atual presidente da República.
Políticos como Valdemar podem até passar uns dias na prisão, como no caso do mensalão, um dos maiores escândalos no governo do PT, mas sabem os rumos do destino político do país.
E Ciro, outro grande visionário político, aposta fichas no palpite de Valdemar, como numa espécie de poupar energia, diante de uma aposta certa.
Rei morto, rei posto… a caça agora é aos príncipes
Recém-empossado no cargo de presidente do PL no Ceará, o deputado André Fernandes já sentiu a interferência do PL nacional, mesmo antes de sua posse, quando ele votou atrás do apoio a Ciro e acabou “atropelado” por Valdemar.
O lançamento da pré-candidatura Priscila Costa ao Senado, inviabilizando a pré-candidatura Alcides Fernandes, pai de André, foi um recado claro que o PL nacional irá ditar os rumos das candidaturas majoritárias no Ceará: presidente, governador, senadores.
O ato do lançamento da pré-candidatura Priscila Costa, em Brasília, sequer contou com a presença de André Fernandes, mesmo tendo à frente Valdemar Costa Neto e Michelle Bolsonaro.
Priscila, por sua vez, não estendeu o ato em Fortaleza, em um novo lançamento, com forma de não escancarar quem de fato conduzirá o PL no Estado, além de não minimizar a força de Valdemar e Michelle, pois sabe que ideologicamente o início de uma gestão partidária poderá trazer leituras e sentimentos equivocados na visão de um príncipe…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido
