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“Ciro Gomes, o espalha-roda”

Paulo Henrique Arantes-jornalista
Paulo Henrique Arantes é jornalista

“Ciro, há algum tempo, tenta compensar sua impotência eleitoral disparando contra quase tudo”, aponta o jornalista Paulo Henrique Arantes.

Confira:

Não há surpresa no que disse Ciro Gomes e que mereceu destaque na Folha de S. Paulo. Eis a incontinência: “Desde 2019, Moraes resolveu transformar esse inquérito (o das fake news) numa coisa que não tem fim, no inquérito do fim do mundo. Isso, data máxima vênia, não é direito. É incorreto. Está simplesmente produzindo nulidade para, inclusive, garantir a impunidade dos malfeitores”.

É óbvio que o ministro Alexandre de Moraes aprofunda-se para que não pairem dúvidas jurídicas sobre as condenações que certamente proporá como relator do inquérito das fake news. Só na cabeça de Ciro Gomes o magistrado “produz nulidade para garantir impunidade”.

Ciro, há algum tempo, tenta compensar sua impotência eleitoral disparando contra quase tudo. Em respeito à identificação levemente à esquerda que já teve, poderia mirar nos extremistas de direita que tentam destruir tudo que se assemelhe a democracia e civilidade.

O problema de Ciro Gomes é, nitidamente, o recalque por não ter sido, jamais, ungido como o candidato preferencial do campo progressista. Dotado de conhecimento econômico, com boas ideias heterodoxas, uma vez no comando do país não hesitaria em confrontar a alta finança, como sempre deixou transparecer. Mas não é aí que reside o problema Ciro.

A questão principal que cerca o político cearense e suas práticas é de ordem psicológica. Vaidade e inconformismo. Ciro Gomes se acha o mais preparado dos políticos e nunca perdoará Lula por não pensar a mesma coisa, daí a abraçar a onda polarizadora que pinta o petista como um Bolsonaro de esquerda.

Ciro tornou-se um espalha-roda na política brasileira, aquele sujeito cuja presença dissipa grupos de conversa. Só mesmo a Folha de S. Paulo, que a cada dia menos disfarça seu bolsonarismo, para dar o destaque que deu a uma fala dele, feita a um programa para ele criado chamado “O Brasil Desvendado” e reproduzido em suas redes sociais.

O apagar das luzes políticas de Ciro Gomes poderia ser menos patético. Apesar de ter navegado com PDS, PMDB, PSDB, PSB, Pros e PDT, o que indicaria enorme vazio ideológico, ele foi, em cargos no Executivo, um realizador pragmático. Deixou o governo do Ceará com 74% de aprovação, finalizou a implantação do Plano Real (para o bem ou para o mal) como ministro da Fazenda de Itamar Franco e, como ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula, de 2003 a 2006, imprimiu bom ritmo à gigantesca obra de transposição do Rio São Francisco.

O passar do tempo, emoldurado por seguidos fracassos eleitorais e a recusa de Lula a apadrinhar suas candidaturas, parece ter levado Ciro Gomes ao desespero, o que fica evidente quando ele alinha seu discurso ao do bolsonarismo.

Paulo Henrique Arantes é jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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