“Ciro Gomes buscou instalar na política cearense uma doutrina cirista, quando a sua vontade deveria prevalecer sobre a todos”, aponta o jornalista Nicolau Araújo.
Confira:
Pior do que a derrota em uma batalha é não ter mais batalhas para lutar. Assim é o triste fim de um dos maiores batalhadores que a política do Ceará já testemunhou. Após três sucessivas derrotas, a primeira na pífia votação ao Palácio do Planalto, a outra em primeiro turno ao Palácio da Abolição e ainda do enfrentamento de seu próprio exército pedetista, quando buscou uma impositiva lealdade, Ciro Gomes, o Policarpo Quaresma do Ceará, enfim, tombou de joelhos no domingo da eleição à Prefeitura de Fortaleza, apesar de detentor do quartel e do maior poder bélico.
Assim como na obra do jornalista Lima Barreto (1881 – 1922), quando o major Policarpo Quaresma quis impor um sentimento patriótico por meio da linguagem do tupi-guarani, Ciro Gomes, com uma patente acima, buscou instalar na política cearense uma doutrina cirista, quando a sua vontade deveria prevalecer sobre a todos.
Assim ainda como Quaresma percebeu as modinhas no violão do amigo Ricardo Coração dos Outros uma legítima manifestação cultural brasileira, Ciro ouviu no violão do amigo Sarto a melodia perfeita da doutrina cirista para quatro anos à frente da administração de Fortaleza. E por sua culpa, sua tão grande culpa, os desafinos se sucederam ao longo da gestão.
Sim! Ciro é o culpado pela desastrosa derrota em Fortaleza, quando “pela primeira vez” (propaganda da Prefeitura) um prefeito não é reeleito, sequer com direito a um segundo turno. Sarto entra para a história com mais essa marca negativa. “Justo na minha vez”… como diria mais um bordão do prefeito.
A culpa de Ciro recai quando Sarto sequer deveria ter disputado em 2020. Nas lives comandadas pelo próprio doutrinador, quando ainda detinha um poder absoluto, Ciro chegou a reclamar da “falta de vontade” do indicado por ele, cobrando, inclusive, uma desfaçatez. Enquanto isso, o escolhido pelos internautas e pelos integrantes do partido foi outro. Além de Sarto, as lives de faz de conta tiveram ainda Idilvan Alencar, Salmito e Ferruccio. Qualquer um, e a história seria outra.
Ciro não merece e não deverá ter o mesmo destino do major Policarpo Quaresma, o hospício. Mas deverá, sim, se redoutrinar a um tempo que não mais lhe pertence.
E essa é agora a sua batalha…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido
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Ciro , tem que se conscientizar, o Tempo d ele já passou, votei nele várias vezes, mas estou convicto que a era Ciro já passou!
Bravo! Parabéns pela inteligente análise.