Como enxergar a luz? – Por Mirelle Costa

O fundo do poço tem um fundo, tem um fim. “Como enxergar a luz” é um romance inspirado por narrativas reais, resultado da escuta de casos de violência doméstica e autodescoberta sobre relacionamentos abusivos e afetos tóxicos. A personagem vive o enclausuramento em sua relação e, em sua narrativa, mostra que a busca de si mesma trouxe a luz para a sua liberdade. Luziana, autora do livro, não nasceu Luz por acaso. “O livro é o meu projeto pessoal que tem como objetivo ajudar as mulheres a se descobrirem e saírem de relacionamentos abusivos e tóxicos. Fui vítima de violência doméstica durante dez anos e graças à autodescoberta da minha luz própria, consegui fugir e ser a protagonista da minha própria história. Tenho um grande sonho de ajudar outras pessoas a se descobrirem por meio do meu livro que conta relatos reais, por meio de um romance, de como a protagonista Luz, conseguiu sair do seu relacionamento abusivo”, desabafa Luziana Lourenço.

(Luziana Lourenço é bibliotecária e autora do livro “Como enxergar a Luz”)

 

(Luziana teve a oportunidade de apresentar o livro em palestras e rodas de conversas)

A Lei 14.713/2023, promulgada em outubro de 2023, estabelece novo filtro de proteção à criança e ao adolescente, ao determinar que a existência de risco de violência doméstica ou familiar impede o exercício da guarda compartilhada. “Essa lei é descrita no livro como projeto de lei e como surgiu a ideia, que partiu de uma necessidade que eu tinha de compartilhar a guarda da minha filha sendo que eu tinha a medida protetiva e eu obrigada a entregar minha filha para o genitor nos finais de semana. Fui no Fórum, no juizado e no conselho tutelar em busca de uma resposta, e o que eu ouvi é que mesmo que o pai fosse estuprador ele teria direito a guarda compartilhada. Mesmo diante de mais essa violência, como seria feita a entrega da minha filha se eu precisava me manter distante do agressor? Para minha felicidade e surpresa, fui amparada por essa lei”, conta Luziana Lourenço.

Desejo que você continue sendo Luz na vida das pessoas!A obra está disponível no site https://www.al.ce.gov.br/publicacoes-inesp/downloads/pelo-id/7

“Escrever esse livro foi um processo terapêutico bastante árduo pela dor das lembranças revisitadas”, disse Luziana. Eu bem sei disso. Aprendi que, pra curar, às vezes, precisa doer. Quem me ensinou também foi uma Luz, não posso dizer aqui o nome verdadeiro, mas foi essa Luz que me entregou manuscrita uma história carregada de dores e superações. No ano passado, ministrei uma oficina de escrita afetuosa, na Casa da Mulher Brasileira, para mulheres vítimas de violência doméstica. Esse transbordamento rendeu mais de vinte textos, a maioria escritos a mão, que eu reuni em uma publicação de 68 páginas intitulada “Após a Morte do Conto de Fadas, a Ressurreição”. Luz, Como uma Fênix, C, L, Sol Ferreira… Quantos pseudônimos são necessários para construir um livro com tantas verdades? As meninas pouparam seus nomes, mas corajosamente se permitiram passar para o papel (literalmente, pois foram textos escritos a mão) histórias tão dolorosas e, ao mesmo tempo, com muita esperança. Escrever doi e cura também. Agradeço a essas onze mulheres que se despiram da dor da lembrança para inspirar outras a ressuscitar.

(Na última sexta-feira, fui recebida pela senadora Augusta Brito para entregar o livro em mãos. A ideia é que mais mulheres tenham acesso a essas histórias e que cada vez mais possam ser ouvidas e encorajadas)
Mirelle Costa: Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing. Possui experiência como professora na área de jornalismo para tevê e mídias eletrônicas. Já foi apresentadora, produtora, editora e repórter de tevê, além de colunista em jornal impresso. Possui premiações em comunicação, como o Prêmio Gandhi de Comunicação (2021) e Prêmio CBIC de Comunicação (2014). Autora do livro de crônicas Não Preciso ser Fake, lançado na biblioteca pública do Ceará, em 2022. Participou como expositora da Bienal Internacional do Livro no Ceará, em 2022.

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