“O seu projeto é a sua verdade”. A frase que ouvi da consultora de projetos, Ivna Passos, foi a motivação que eu precisava para fazer algo pela primeira vez: inscrever um projeto em um edital de incentivo à cultura. A Secultfor apresentou uma série de lives destrinchando o que (quase) todo mundo pensa quando o assunto é edital: é muito difícil! Tá, mas tudo na vida é difícil, pelo menos pra mim, então lá fui eu em busca do meu difícil e, até então, desconhecido.
Dei uma pausa na Netflix e maratonei esses conteúdos. Quando eu entendi que o Plano de Ação não deve ser meu inimigo, mas meu norte, tudo ficou um pouco mais claro. Só sei que foi assim. Como não se faz nada sozinho/a nessa vida (e isso torna tudo até mais divertido), fui buscar beber nas fontes mais experientes na área. Um amigo me puxou pela mão mesmo e deu certo. Com muita luta, deu certo.
“Por que eu?”
Eu sou apaixonada por histórias de vida. Escrever sobre mim mesma foi um caminho necessário para me destravar e me encorajar. Senti vontade de dar voz a outros, mais especificamente, a outras. Como escritora, tenho tido cada vez mais certeza de que a escrita liberta e cura. Às vezes, dói demais falar e ouvir-se ao mesmo tempo. Decidi propor uma oficina de escrita afetuosa para mulheres vítimas de violência doméstica atendidas na Casa da Mulher Brasileira.
Quando temos a pretensão de que vamos chegar em um lugar ensinando algo, Deus nos mostra que estamos ali para aprender. Logo na primeira aula, exerci a minha escutatória. No decorrer da vivência, todas perceberam (inclusive as que preferiram ouvir a falar) que têm uma voz e muito a dizer.
Eu preciso aprender (de agora em diante) a também ler suspiros e silêncios. A escrita à mão, com todos os seus movimentos e pausas, fez surgir uma cadência de desabafos, mas, sinceramente, não senti tristeza ali. Senti Vida, pulsante e em movimento. Estar em uma sala de aula para exercitar a escrita já é um passo enorme para essas mulheres.
Agradeço a equipe da Casa da Mulher Brasileira por ter me dado todo o suporte necessário para viabilizar a oficina. Entre um slide e outro, frases como “De onde uma mulher sai chorando, nenhuma outra sorri por muito tempo”, “Sentia-me uma aranha em uma teia” ou mesmo “Quem joga pedra não pode querer curar o machucado” foram algumas reflexões das minhas alunas escritoras. Talvez já sejam. Uma vez li que erros de português não devem ser tão condenados na escrita. Para isso existe correção ortográfica e até Chat GPT. O que não deve existir é um erro de alma.
O gigante de 133 anos
O prédio da antiga alfândega de Fortaleza, o “Gigante de Pedra”, comemora este ano o seu aniversário de 133 anos. Os educadores do programa CAIXA Gente Arteira convidam a todos e a todas para celebrar hoje esse momento no encontro “Memórias Coletivas: Território Iracema”.
O coordenador e pesquisador do projeto, Raymundo Netto, explica que, nessa atividade GRATUITA, os participantes poderão visitar todo o prédio, recebendo e trocando informações históricas e descobrindo curiosidades preciosas sobre a sua construção. Logo depois, será exibido o documentário em média-metragem “Praia de Iracema: uma história de amores”, uma realização da Fundação Demócrito Rocha produzida pela Usina Entretenimento, com direção de Dado Fernandes e roteiro de Vinicius Augusto Bozzo e Raymundo Netto.
No filme: Nirez, Tião Ponte, Jaildon Correia Barbosa, Haroldo Aragão, Roberta Bonfim, Mona Gadelha, Isaac Cândido, Luiza Nobel, Silvania de Deus, Sérgio Rocha (Serginho) e Oswald Barroso.
Na trilha musical: Isaac Cândido, Sílvia Varela, Eugênio Leandro, Márcio Catunda, Calé Alencar, Pingo de Fortaleza, Henrique Beltrão.
A exibição será seguida de um bate-papo com Raymundo Netto e Dado Fernandes sobre o filme e a Praia de Iracema.
SERVIÇO:
Encontro “Memórias Coletivas: Território Iracema
Dia 21 de julho (domingo), às 16h, na Caixa Cultural
Classificação Indicativa: Livre
Entrada Gratuita