Como se fosse a primeira vez (e era mesmo) – Por Mirelle Costa

“O seu projeto é a sua verdade”. A frase que ouvi da consultora de projetos, Ivna Passos, foi a motivação que eu precisava para fazer algo pela primeira vez: inscrever um projeto em um edital de incentivo à cultura. A Secultfor apresentou uma série de lives destrinchando o que (quase) todo mundo pensa quando o assunto é edital: é muito difícil! Tá, mas tudo na vida é difícil, pelo menos pra mim, então lá fui eu em busca do meu difícil e, até então, desconhecido.

Dei uma pausa na Netflix e maratonei esses conteúdos. Quando eu entendi que o Plano de Ação não deve ser meu inimigo, mas meu norte, tudo ficou um pouco mais claro. Só sei que foi assim. Como não se faz nada sozinho/a nessa vida (e isso torna tudo até mais divertido), fui buscar beber nas fontes mais experientes na área. Um amigo me puxou pela mão mesmo e deu certo. Com muita luta, deu certo.

(A oficina está sendo ofertada a vinte mulheres que terão aulas práticas e teóricas de escrita afetuosa)

“Por que eu?”

Eu sou apaixonada por histórias de vida. Escrever sobre mim mesma foi um caminho necessário para me destravar e me encorajar. Senti vontade de dar voz a outros, mais especificamente, a outras. Como escritora, tenho tido cada vez mais certeza de que a escrita liberta e cura. Às vezes, dói demais falar e ouvir-se ao mesmo tempo. Decidi propor uma oficina de escrita afetuosa para mulheres vítimas de violência doméstica atendidas na Casa da Mulher Brasileira.

(Logo na primeira aula, as mulheres já passaram para o papel seus sentimentos e reflexões)

Quando temos a pretensão de que vamos chegar em um lugar ensinando algo, Deus nos mostra que estamos ali para aprender. Logo na primeira aula, exerci a minha escutatória. No decorrer da vivência, todas perceberam (inclusive as que preferiram ouvir a falar) que têm uma voz e muito a dizer.

(A musicoterapia também foi utilizada para estimular a escrita)

Eu preciso aprender (de agora em diante) a também ler suspiros e silêncios. A escrita à mão, com todos os seus movimentos e pausas, fez surgir uma cadência de desabafos, mas, sinceramente, não senti tristeza ali. Senti Vida, pulsante e em movimento. Estar em uma sala de aula para exercitar a escrita já é um passo enorme para essas mulheres.
Agradeço a equipe da Casa da Mulher Brasileira por ter me dado todo o suporte necessário para viabilizar a oficina. Entre um slide e outro, frases como “De onde uma mulher sai chorando, nenhuma outra sorri por muito tempo”, “Sentia-me uma aranha em uma teia” ou mesmo “Quem joga pedra não pode querer curar o machucado” foram algumas reflexões das minhas alunas escritoras. Talvez já sejam. Uma vez li que erros de português não devem ser tão condenados na escrita. Para isso existe correção ortográfica e até Chat GPT. O que não deve existir é um erro de alma.

O gigante de 133 anos

O prédio da antiga alfândega de Fortaleza, o “Gigante de Pedra”, comemora este ano o seu aniversário de 133 anos. Os educadores do programa CAIXA Gente Arteira convidam a todos e a todas para celebrar hoje esse momento no encontro “Memórias Coletivas: Território Iracema”.

O coordenador e pesquisador do projeto, Raymundo Netto, explica que, nessa atividade GRATUITA, os participantes poderão visitar todo o prédio, recebendo e trocando informações históricas e descobrindo curiosidades preciosas sobre a sua construção. Logo depois, será exibido o documentário em média-metragem “Praia de Iracema: uma história de amores”, uma realização da Fundação Demócrito Rocha produzida pela Usina Entretenimento, com direção de Dado Fernandes e roteiro de Vinicius Augusto Bozzo e Raymundo Netto.

No filme: Nirez, Tião Ponte, Jaildon Correia Barbosa, Haroldo Aragão, Roberta Bonfim, Mona Gadelha, Isaac Cândido, Luiza Nobel, Silvania de Deus, Sérgio Rocha (Serginho) e Oswald Barroso.

Na trilha musical: Isaac Cândido, Sílvia Varela, Eugênio Leandro, Márcio Catunda, Calé Alencar, Pingo de Fortaleza, Henrique Beltrão.

A exibição será seguida de um bate-papo com Raymundo Netto e Dado Fernandes sobre o filme e a Praia de Iracema.

SERVIÇO:

Encontro “Memórias Coletivas: Território Iracema

Dia 21 de julho (domingo), às 16h, na Caixa Cultural

Classificação Indicativa: Livre

Entrada Gratuita

Mirelle Costa: Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing. Possui experiência como professora na área de jornalismo para tevê e mídias eletrônicas. Já foi apresentadora, produtora, editora e repórter de tevê, além de colunista em jornal impresso. Possui premiações em comunicação, como o Prêmio Gandhi de Comunicação (2021) e Prêmio CBIC de Comunicação (2014). Autora do livro de crônicas Não Preciso ser Fake, lançado na biblioteca pública do Ceará, em 2022. Participou como expositora da Bienal Internacional do Livro no Ceará, em 2022.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais