Em referência ao Agosto Lilás, mês da conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres, a jornalista e escritora Mirelle Costa relata diariamente, neste espaço, casos que servem de alerta a todos nós
Confira:
(O texto abaixo foi escrito por uma mulher vítima de violência doméstica, atendida na Casa da Mulher Brasileira, em Fortaleza. O texto compõe a obra “Após a Morte do Conto de Fadas, a Ressurreição”, publicada pelo Senado Federal, e organizada pela jornalista e escritora Mirelle Costa. Este texto pode conter gatilhos emocionais que podem afetar algumas pessoas).
Minha escrita é por partes. Nos momentos em que estou ocupada, vêm os pensamentos de coisas boas e ruins. Tudo são lembranças, como lugares e músicas, como as dos Demônios da Garoa. Os objetos pessoais não me tocam tanto quanto uma canção, mas tenho saudosas lembranças quando olho a colher de madeira e o pilão de pedra onde minha avó fazia todo tipo de comida. Percebo que, com uma música, viajo ao meu passado e lembro momentos bons, mas são poucos. Revivo uma lembrança onde tudo era possível naquele momento e, ao recordar, cada pensamento é único.
Tenho roupa e foto de minha vozinha, mas esses objetos não me trazem tantas lembranças dela quanto a música (minha nossa!). Juro que é como se ela ainda estivesse presente comigo. São momentos mágicos e únicos. Fico idealizando coisas diferentes da realidade e os seus famosos ditados e carões que diferenciavam o que fazer do que não fazer.
Existem lugares que, só de ouvir o nome, fico de coração doído. São marcantes, significam muito para mim.
Como uma fênix
(Diante de qualquer situação de violência doméstica, ligue 180, é a Central de Atendimento à Mulher, um serviço telefônico do governo federal que oferece acolhimento, orientação e informações sobre os direitos das mulheres, além de receber denúncias de violência contra a mulher)
Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing