Com om título “Condenada na Justiça e jogada às traças por seus pares”, eis a coluna Fora das 4 Linhas, desta segunda-feira, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) já formou maioria de votos para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a dez anos de prisão por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos. O julgamento, que começou no dia 9, vai até 16 de maio em plenário virtual. No formato não há debate entre os ministros, que apenas depositam seus votos no sistema eletrônico do Supremo.
Os ministros também votaram para condenar o hacker Walter Delgatti a oito anos de prisão pelo mesmo motivo.
Delgatti e Zambelli foram condenados pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica e deverão pagar ainda indenização de R$ 2 milhões. No caso da parlamentar. ela também deve perder o mandato na Câmara dos Deputados após o trânsito em julgado da ação — quando não houver mais possibilidade de recurso. Para além da prisão e da perda do mandato, que já eram esperados, pesa, o que é pior, contra a deputada bolsonarista, o abandono de seus pares, depois que o Mito a responsabilizou diretamente pela perda da eleição em 2021, por ter saído correndo armada pelas ruas de São Paulo um dia antes do pleito.
Bastou essa referência do Mito à Zambelli, para que ninguém mais a defendesse publicamente ou até mesmo falasse em seu nome na Câmara dos Deputados ou em canais de direita contra a sua condenação. Zambelli, nesse sentido, assim como muitos outros. é mais uma a ser jogada às traças por não servir mais aos interesses do chefe ou da família dele. É bom lembrar, que assim como ela, vários ficaram pelo meio do caminho por ao menos ousar se indispor ou fazer críticas para abrir os olhos dos intocáveis.
Zambelli, porém, ao contrário dos que tentaram abrir os olhos da família mitológica, manteve-se fiel, mas nem isso foi o bastante para ser escanteada agora. Sem defensores, amigos ou argumentos convincintes, terá que cumprir na cadeia a pena imposta pela Justiça, se não conseguir um atestado médico, como de praxe, para lhe permitir uma domiciliar com tornozeleira.
De todo modo, se escapar do presídio, os seus já a condenaram ao calabouço da história. E essa pena, é vitalícia.
*Luiz Henrique Campos
Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.