Com o título “Continuo a acreditar nos Correios”, eis artigo de Flamínio Araripe, jornalista e pesquisador. “Uma nova vantagem dos serviço dos Correios como empresa estatal foi criada após a extinção da exigência da prova de vida de aposentados. A empresa ECT vai à residência do beneficiado, caso não comprovada sua existência nas bases de dados municipais, estaduais e federais”, expõe o articulista.
Confira:
O jornalista Flamínio Araripe renova um voto de confiança nos Correios, que atravessa grave crise financeira. Foi pela ECT que ele enviou quase 200 livros que publicou, dois deles simultaneamente, que serão lançados no dia 6 de novembro na Biblioteca Pública Estadual. Mas, como conta neste artigo, com os pacotes de livros na mão, deu com a cara na porta da agência duas vezes, e teve de voltar. Uma vez não foi atendido porque a empresa não recebia pagamento por cartão de crédito – a razão está relacionada à lavagem de dinheiro do PCC por fintechs da Avenida Faria Lima -, na outra, porque “caiu” o sistema para envio de impressos.
Flamínio Araripe
Confiei nesta empresa para enviar quase 200 livros, mesmo os adquiridos por residentes em Fortaleza. Todos os exemplares de “Jósio – A Palavra sem Medo” e “Eneida – Uma Trabalhadora na Educação, Vida e Obra”, chegaram a seu destino. Recomendaram como alternativa Uber Motos, 99 e um serviço de entrega por moto, nada amigáveis para quem quer entregar de uma vez mais de cem livros. Levava para a agência, no braço, as caixas, uma por uma, com os pacotes com endereço para fazer a postagem pela centenária empresa.
Mesmo quando bato a cara na porta da agência, por assim dizer, continuo a acreditar na ECT. Um dia chego com o cartão de crédito para pagar a postagem, mas tenho de voltar porque não aceitavam pagamento por dinheiro de plástico, como chamo o cartãozinho. Uma das empresas da Avenida Faria Lima, em São Paulo, uma das fintechs que, no dia 22 de setembro, receberam a Polícia Federal na operação Carbono Oculto, havia ganho a licitação da ECT para manter o funcionamento do sistema de cartão de crédito. Como a empresa foi flagrada na investigação para apurar lavagem de dinheiro do PCC pela fintech, a ECT cancelou o contrato com o fornecedor.
— Não aceitamos pagamento por cartão, só pix ou dinheiro – diz o agente postal para o cliente. De outra feita, no dia do meu aniversário, 16 de outubro, fui aos Correios enviar mais livros, quando a agente postal acrescentou à ladainha dos avisos:
— O sistema para envio de impressos caiu. – Tive de voltar no dia seguinte, agora precavido, com dinheirinho no bolso e a mão em figa, para dar sorte. Consegui. Ufa!
Acreditar na empresa, assim, não é fácil…
Missão social
Uma nova vantagem dos serviço dos Correios como empresa estatal foi criada após a extinção da exigência da prova de vida de aposentados. A empresa ECT vai à residência do beneficiado, caso não comprovada sua existência nas bases de dados municipais, estaduais e federais.
Outra missão social da ECT é o atendimento às cidades pequenas do interior. Mas não dá para continuar com o prejuízo mensal de R$ 700 milhões. O presidente Lula não deixou privatizar a empresa. O Correios escapou da privatização nos períodos Temer e Bolsonaro. Domingo, li no jornal que planeja fazer a captação de R$ 20 bilhões dos bancos oficiais para modernizar e dar competitividade aos serviços.
Em 16 anos (2001-2020), a ECT lucrou R$ 12,4 bilhões e repassou R$ 9 bilhões ao governo federal. O faturamento caiu quando entrou a chamada tarifa das blusinhas, que embutiu imposto nas compras das Shein’s da vida e reduziu muito o movimento nas agências.
No Ceará, a ECT emprega 2,2 mil pessoas e mais de 90 mil no Brasil. Nas pesquisas de opinião nacionais sobre a avaliação das instituições, a ECT sempre aparecia como das mais confiáveis. Continuo acreditando, mas acho que é preciso acrescentar:
— Vamos melhorar!
*Flamínio Araripe
Jornalista e pesquisador.