“Convicção e Conveniência: o retrato silencioso de cada um de nós” – Por Gera Teixeira

Gera Teixeira é empresário. Foto: Divulgação

“A fronteira entre convicção e conveniência raramente é nítida. Muitas vezes, a decisão se dá em zonas cinzentas, onde a justificativa parece plausível, mas o motivo real é menos nobre”, aponta o empresário Gera Teixeira

Confira:

Convicção e conveniência são como duas forças que modelam silenciosamente nossas escolhas. A primeira é ancorada em princípios que resistem ao tempo e às pressões externas. A segunda nasce da adaptação às circunstâncias, buscando o caminho mais fácil ou mais proveitoso no momento. Ambas convivem em nós, mas raramente em equilíbrio perfeito. O modo como decidimos entre elas revela não apenas nossas prioridades, mas também a natureza do caráter que estamos construindo.

A convicção exige um compromisso permanente com aquilo que se reconhece como certo, mesmo quando isso significa contrariar interesses imediatos, enfrentar isolamento ou arcar com custos pessoais. Ela não se modela ao sabor das circunstâncias e, justamente por isso, carrega um valor que não se compra nem se improvisa. Sustentar uma posição pela convicção é aceitar que o reconhecimento externo pode nunca vir, e que a recompensa maior está na coerência entre pensamento e ação.

A conveniência, ao contrário, opera sob a lógica da adaptação estratégica: escolher o que é mais fácil, mais rápido ou mais vantajoso no curto prazo, ainda que isso implique renunciar a princípios. É sedutora porque raramente impõe resistência e muitas vezes entrega resultados imediatos. Mas, sob a superfície, acumula um desgaste invisível, a erosão da confiança própria e alheia. Quando se percebe, já não se é guiado pelo que é certo, mas pelo que é útil naquele momento, e essa inversão corrói silenciosamente a integridade.

A fronteira entre convicção e conveniência raramente é nítida. Muitas vezes, a decisão se dá em zonas cinzentas, onde a justificativa parece plausível, mas o motivo real é menos nobre. É nesse terreno ambíguo que se mede a força do caráter, pois é fácil manter princípios quando eles não custam nada. Difícil é preservá-los quando tudo ao redor convida a deixá-los de lado.

Entre convicção e conveniência não há apenas um jogo de preferências; há uma definição silenciosa de quem somos. A convicção é raiz que sustenta quando o vento muda. A conveniência é folha que se move com ele. Decidir entre uma e outra é decidir como seremos lembrados, pela solidez do que construímos ou pela leveza com que nos deixamos levar.

Gera Teixeira é empresário

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