Com o título “Corrida Pague Menos foi um sucesso, mas deixa no ar algumas reflexões”, eis título da coluna “Fora das 4 Linhas”, assinad pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Grande quantidade de inscritos gerou tumulto nos arredores da Arena em termos de trânsito, bem como no acesso dos corredores para largarem”, expõe o colunista.
Confira:
A pesquisa anual Year in Sport com base nos dados de seus 135 milhões de usuários de 190 países, divulgada no final do ano passado, apontou a cidade de Fortaleza com maior número de corredores de rua se exercitando simultaneamente. No mundo, no topo da lista, está Jacarta do Sul (Indonésia). O Brasil é o segundo país em número de usuários, com 19 milhões. O resultado da pesquisa apontando a capital cearense nessa condição, apenas confirma a febre running que tomou conta da cidade nos últimos anos.
Mas como toda a febre tem seus dissabores, é preciso que se comece a pensar em aspectos que podem no futuro distorcer a imagem de um esporte popular, barato e com grande poder de cura de fatores psíquicos. Falo isso de cátedra, porque também corro e me sinto extremamente satisfeito a cada corrida concluída ou porque gosto da vibe proporcionada por elas. Faço essa observação, porque se cresce o número de adeptos, também crescem os problemas, principalmente para quem não pratica, mas é atingido por eles.
Aproveito aqui para usar o exemplo mais recete da Corrida Pague Menos, ocorrida no último domingo. A Corrida Pague Menos pecou pelo excesso. Ofereceu tanto, que no final, alguns atropelos acabaram interferindo no sucesso do evento. Grande quantidade de inscritos gerou tumulto nos arredores da Arena em termos de trânsito, bem como no acesso dos corredores para largarem. Outro aspecto, e aí diz mais de educação mesmo, foram motoristas estressados que ficaram presos no percurso por longo tempo, discutindo com corredores ou promovendo irritantes apitaços.
De resto, para quem corre, os percursos foram legais, não faltou água para ninguém e uma chuva forte lavou a alma dos corredores. Confesso que nenhum dos pontos negativos me atingiram diretamente ou tiraram o brilho da corrida, porque vou como a cabeça livre, mas também me coloco no lugar do outro, como motoristas esperando quase 30 minutos para sair do lugar. Além disso, vi gente, dos atletas de ponto, correndo lado-a-lado com os carros.
Os problemas verificados ontem, apenas ampliaram o que se já vê em outras corridas semanais na cidade. O que me faz deixar no ar uma pergunta: será que estamos mesmo preparados para grandes eventos do tipo em espaços públicos? Ou será que é preciso entender, que por ser Fortaleza, a cidade que mais pratica o esporte, talvez precise de um olhar mais cuidadoso, para com quem corre e para os que não correm?
*Luiz Henrique Campos
Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.