“Criada no Ceará Academia de Letras, Artes e Cultura Militar” – Por Barros Alves

“A cultura é um dos pilares que sustentam a identidade de um povo. No universo militar, ela se manifesta não apenas em tradições, símbolos e rituais, mas também na produção literária, artística e intelectual”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

A Academia Cearense de Letras, com sede no antigo Palácio da Luz, foi palco nesta segunda-feira, 15/09, de uma portentosa solenidade de instalação de mais um sodalício que certamente enriquecerá as Letras e as Artes do nosso Estado. Sob a presidência do Cel. Marcos Aurélio Macedo de Melo tomaram posse a primeira diretoria da Academia de Letras, Artes e Cultura Militar do Ceará, os quarenta sócios fundadores e treze sócios-honorários. Compareci ao momentoso evento para prestigiar a ideia e sua concretização, mas devo enaltecer com destaque a presença dos amigos João Xavier de Holanda, Vandesvaldo Carvalho, Paula Pessoa, Estanislau Bié, Napoleão Feitosa, Emerson Vasconcelos Bastos e Amarílio Melo.

Nesses tempos de muito relativismo e, consequentemente, muita indisciplina a permear os (des)caminhos de nossa sociedade, constitui um acontecimento alvissareiro a criação de uma congregação de homens que têm formação militar, ao tempo que em apresentam de par com a pesquisa da historiografia militar, elevado grau de sensibilidade para o exercício das atividades ligadas à literatura e às artes.

Urge ressaltar que a cultura é um dos pilares que sustentam a identidade de um povo. No universo militar, ela se manifesta não apenas em tradições, símbolos e rituais, mas também na produção literária, artística e intelectual que acompanha a história das Forças Armadas das Forças Auxiliares e outras instituições de defesa. Nesse contexto, a criação de uma Academia de Letras, Artes e Cultura Militar, aqui a exemplo do que já existe em outras Unidades da Federação, uma Arcádia majoritariamente formada por estudiosos pertencentes aos quadros da Polícia Militar do Ceará, representa um marco de valorização e preservação da memória, ao mesmo tempo em que abre espaço para novas produções e reflexões sobre segurança pública, a trajetória e a ação cotidiana da Força Policial cearense.

Uma das funções primordiais de uma Academia dessa natureza seria a preservação da memória e da história militar. Ao reunir documentos, registros, obras literárias e artísticas relacionadas à vida castrense, garante-se que feitos, tradições e personagens marcantes não sejam esquecidos. Trata-se de salvaguardar a contribuição dos militares para a construção da nação, fortalecendo a continuidade histórica e cultural. A Academia Militar do Ceará já inicia com louvável exemplo ao fazer homenagem a um dos seus mais ilustres nomes, o do Coronel Francisco Austregésilo Rodrigues Lima, personalidade que honrou a instituição ao longo de sua profícua existência.

Outro aspecto fundamental a ser motor permanente na vida do sodalício é o incentivo à criação. Uma academia não deve se limitar a guardar o passado, mas esforçar-se para estimular a produção contemporânea de escritores, poetas, músicos, pintores e pesquisadores que, inspirados pelo espírito militar, sem dúvida contribuirão para a literatura, as artes e as ciências humanas. Assim, o espaço da Academia de Letras, Artes e Cultura Militar do Ceará se tornará um celeiro de ideias e expressões culturais.

Lembre-se, por oportuno, que a cultura tem a capacidade de aproximar universos distintos. Uma Academia de Letras, Artes e Cultura Militar deverá ter uma atuação que seja como um elo de ligação entre os quartéis e a sociedade civil, permitindo que o público em geral conheça melhor a dimensão cultural da vida militar. Essa aproximação favorecerá a compreensão mútua e o reconhecimento do papel das instituições de segurança da população no fortalecimento da sociedade.

Eu quero crer que a difusão de valores como disciplina, honra, lealdade e patriotismo constituem relevante imprescindível contribuição para sedimentar o respeito da sociedade cearense pela novel academia. Por meio da literatura e das artes, esses princípios podem ser transmitidos às novas gerações de forma mais viva e inspiradora. Além disso, a academia firmará um legado perene, criando um acervo de obras e registros que servirão de referência para pesquisadores, estudantes e cidadãos interessados na relação entre cultura e vida militar.

Por tudo o que expressei, resta reafirmar a consciência de que a criação de uma Academia de Letras, Artes e Cultura Militar ultrapassa a ideia de um espaço meramente comemorativo. É de esperarmos que a academia se torne um centro de preservação da memória, estímulo à criação e integração social, fortalecendo não apenas a identidade militar, mas também a identidade cultural e cívica do povo cearense. Trata-se, portanto, de um projeto que deverá unir tradição e inovação, memória e futuro, consolidando o papel da cultura como força vital na vida das instituições militares e da sociedade em geral.

Barros Alves é jornalista e poeta