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“Crime organizado alcança o maior ponto estratégico no Ceará: o Centro de Fortaleza” – Por Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é jornalista

“Nenhuma grande cidade possui a sua parte central dominada pela criminalidade, por causa da pluralidade de seus frequentadores”, aponta o jornalista Nicolau Araújo

Confira:

Como em qualquer guerra na história das guerras pelo mundo, o exército vitorioso põe fim às batalhas quando alcança a capital do inimigo, ora também chamada de principal cidade. Foi assim na trajetória de Alexandre da Macedônia, do huno Átila, do mongol Genghis Khan, nas conquistas napoleônicas, nas duas Grandes Guerras Mundiais e mais recente nas ocorrências no Iraque e na Síria.

No Brasil, o último conflito, de fato, aconteceu no período de 1864/1869, na chamada Guerra do Paraguai, com desfecho em janeiro de 1869, após a conquista de Assunção. Alguns historiadores estendem os conflitos até 1870, quando da caçada ao ditador Solano López, em operação comandada por Conde d’Eu, depois que Caxias havia dado os combates por encerrado. Para o patrono do Exército Brasileiro, caçada humana não mais deveria ser considerada uma guerra.

Tivesse Caxias ainda vivo nos tempos atuais, por certo não se adaptaria ao novo modelo de uma guerra urbana a qual impõem as facções criminosas em milhares de cidades brasileiras, quando muitas vezes se valem de verdadeiras caçadas humanas. Antes, os alvos eram também criminosos. Hoje, cidadãos que muitas vezes não abrem mão de sua própria cidadania, do direito de proteger os seus, do direito à moradia, do direito de ir e vir.

Duque de Caxias, no entanto, haveria de reconhecer que a cidade de Fortaleza sucumbiu para o crime organizado, que passou a impor regras a moradores e a comerciantes, inclusive com a cobrança de pagamento de “taxas” por se valerem da “segurança no território”. A rendição da cidade ocorreu na demarcação do Centro como “território conquistado”. Nenhuma grande cidade possui a sua parte central dominada pela criminalidade, por causa da pluralidade de seus frequentadores.

Tal demarcação foi apenas o primeiro passo dos novos donos do Centro de Fortaleza. Agora vieram as cobranças das “taxas de segurança”. O próximo passo será o controle de quem poderá circular ou não nas ruas do coração comercial da cidade, principalmente por meio do monitoramento das linhas do transporte público, quando da identificação de consumidores e de trabalhadores de bairros inimigos, atingindo a um percentual de quase 80% dos alvos, segundo dados do próprio comércio sobre deslocamentos para o Centro.

Qualquer quebra de regras desses consumidores ou trabalhadores, a história da guerra urbana seguirá como qualquer outra guerra. Muitas narradas por Caxias. Aliás, a avenida Duque de Caxias já se encontra demarcada, segundo os incômodos relatos de comerciantes nas imediações do mercado São Sebastião.

Para aqueles que insistem em negar o avanço desenfreado do crime no Estado, lembro de um programa na então TV O POVO, na Praia de Iracema, em 2012, de minha participação em um debate ao lado do capitão Rodrigo (capitão Nascimento, na ficção) e de um então major PM, da Inteligência, hoje coronel da reserva, quando esse último apontou como “irresponsabilidade” a minha avaliação que as facções criminosas do Rio de Janeiro e de São Paulo estariam se instalando no Ceará.

De pouco valeram as informações das prisões de Uê e Joca da Rocinha em Fortaleza. Assim como das idas e vindas de Bem-Te-Vi a Boa Viagem, quando na época havia uma linha de ônibus que ligava a cidade do Sertão Cearense à comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Como ainda a presença de um vereador da facção carioca Amigos dos Amigos em Ipu, no Noroeste do Estado.

No intervalo do programa, recebi o apoio do capitão Rodrigo, que lembrou ter avisado a São Paulo da presença do Comando Vermelho, quando mais tarde viria a ser o PCC. Rodrigo se disse igualmente desacreditado pelo comando da segurança paulistana.

O despreparo na época da inteligência policial no Ceará era compreensível, diante de uma situação completamento nova.

Hoje…

Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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