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“Cuidemos da nossa terra, não temos outra”

Allan Aguiar, ex-titular da Setur do Ceará. Foto: Abav

Com o título “Cuidemos da nossa terra, não temos outra”, eis artigo de Allan Aguiar, ex-secretário do Turismo do Ceará. Ele aborda a necessidade de se buscar investimentos para gerar emprego e oportunidades no Estado, o que evitaria deportações como as que vem fazendo o governo de Donald Trump.

Confira:

A nova chegada do presidente Trump ao comando dos USA vem produzindo uma situação curiosa mundo afora. Os americanos em sua grande maioria aplaudem enquanto outras nações reprovam suas decisões. Mas para quem ele governa senão para seu povo e a melhoria das condições de vida dessa bela, rica e poderosa nação. Um país para aonde muitos querem ir em face dos desarranjos e precariedade de seus próprios países, mesmo que seja pulando muros fronteiriços e vivendo na ilegalidade na casa dos outros. A emigração de cidadãos de países pobres e inseguros para países ricos e seguros vem sendo, há décadas, o maior problema para estes. O desejo de consumo de muitos de nós é obter um green card ou uma cidadania portuguesa ou de qualquer país europeu. Queremos mesmo é um passaporte vermelho para, em caso de default por aqui, viver por lá gozando das prerrogativas sociais de um legítimo cidadão europeu.

Tempo de refletir sobre qual a contribuição que estamos dando para que o canto onde vivemos fique cada vez melhor e evite esse sentimento generalizado do cearense de querer ir embora em busca de uma vida melhor. Temos que lutar para tornar nossa vida melhor aqui mesmo na nossa terra. Não temos para onde ir, temos que ficar e lutar contra a iniquidade da pobreza do salário mínimo e da violência. Lutar contra aqueles que prejudicam, deliberadamente ou não, a tão almejada prosperidade e real bem-estar social.

Nosso passado sempre foi marcado pelo êxodo motivado por uma vida cheia de limitações climáticas e carências sociais. Não temos empregos que prestem, saúde que funcione, educação que capacite e infraestruturas dignas. Um Estado com casa sem banheiro e ruas sem esgoto, repleto de favelas e insegurança alimentar. Um Estado no qual o povo depende visceralmente de esmolas governamentais para não passar fome. Estamos em um círculo vicioso onde a pobreza é retroalimentada e fomentada por políticas públicas assistencialistas e sem porta de saída. Um estado em que tem mais gente pendurada no erário que trabalhando com carteira assinada.

Esperemos que os outros estados da região cuidem de suas populações, nós cearenses que temos que cuidar de nós mesmos e para que essa roda gire temos que exigir mais dos governantes e das instituições. A qualidade da gestão e dos serviços públicos são terríveis e temos que nos indignar com esse contexto. Muda-se o governante de plantão e as coisas não vão para frente. Os indicadores sociais do nosso Ceará é um completo absurdo e nós não podemos nos acostumar e acomodar diante desse descalabro. Temos que reclamar mais da péssima qualidade do gasto público, da alocação irresponsável em obras inacabadas e do excesso de politicagem que extrai muita eficiência da administração pública.

Para tanto, precisamos de investimentos privados. Não será o reduzido e desqualificado investimento público que vai nos remeter ao quadro social que todos queremos. Mas a questão é quem vai investir em um Estado tão atrasado, tão violento e com um ambiente de negócios nada amigável ao capital privado, que não encontra o capital humano necessário para viabilizar o retorno desejado nem um governo efetivo e eficiente.

Ao contrário de só pensar na próxima eleição, é preciso que pensemos na próxima geração. Nosso passado precisa parar de nos assustar a cada eleição. Assistir político fadigado e derrotado lutar para ser protagonista das articulações em torno das próximas eleições é algo muito triste e que nos remete a um profundo desencanto com a política. Precisamos de sangue novo e mente arejada capaz de governar para alavancar os cearenses. Chega de sermos pobres e “felizes”. Precisamos ser ricos e felizes em algum lugar do futuro que esta atual geração não verá. E isso só será possível se mudarmos o modelo mental que vem ditando a dinâmica governante.

Sendo assim, vamos lutar para que não tenhamos que deixar nosso Cariri no Último Pau-de-Arara, depois que nossa vaquinha tiver só o couro e o osso e não puder mais com o chocalho pendurado no pescoço, como cantou nosso Fagner.

*Allan Aguiar

Ex-secretário do Turismo do Ceará.

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