Com o título “Cultura na Era dos Robôs”, eis artigo de Joaquim Cartaxo, arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae-CE. “Os avanços céleres, mas desiguais, nos levam a ultrapassar a era digital e alcançar a era da robotização, com o protagonismo da China. Esta mudança não é linear, mas repleta de contradições e complexidades, pois uma era não elimina outra, há convivências conflitivas e simbióticas entre as eras analógica, digital e robótica, expressando as desigualdades existentes”, expõe o articulista.
Confira:
Ao final de 2025, terá se completado um quarto do século XXI, período em que se consolidou a era digital, com a Internet, as redes sociais e a robotização, ocasionando radicais mudanças políticas, culturais, socioeconômicas e socioambientais em todo o mundo.
A robótica, em expansão, é uma área multidisciplinar que integra ciência, engenharia e tecnologia aplicadas ao desenho, construção, operação e uso de robôs em tarefas diversas, com precisão e eficiência, várias, inclusive, além das capacidades humanas. Possui aplicações na medicina, na educação, nas atividades domésticas e na indústria. A Federação Internacional de Robótica aponta que, em 2026, haverá 539 mil unidades robóticas industriais instaladas no mundo.
Os avanços céleres, mas desiguais, nos levam a ultrapassar a era digital e alcançar a era da robotização, com o protagonismo da China. Esta mudança não é linear, mas repleta de contradições e complexidades, pois uma era não elimina outra, há convivências conflitivas e simbióticas entre as eras analógica, digital e robótica, expressando as desigualdades existentes.
Mais do que alterar modelos de produção, esse avanço robótico tem reflexo direto e acentuado nas dinâmicas culturais e sociais em curso no mundo, a exemplo daprodução e da disseminação da cultura, processos característicos da natureza humana, determinantes na construção de identidade individual e coletiva, estabelecimento de vínculos e na influência nos processos sociais.
O avanço da tecnologia ampliou o acesso da sociedade a manifestações e produtos culturais de locais distantes do ponto de vista geográfico, como a possibilidade de uma pessoa acessar de casa o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, fazer uma visita virtual ao Louvre ou assistir a um festejo tradicional no Cariri. Por outro lado, os algoritmos são armas de dominação cultural: privilegiam o mainstream e as hegemonias, esmagando vozes independentes e minoritárias.
Entender as possibilidades das eras digital e robótica não basta; é preciso confrontar suas imposições. A luta é pela democratização radical da criação e da disseminação da cultura, transformando a tecnologia em uma ferramenta de revolução, e não de opressão cultural.
*Joaquim Cartaxo,
Arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae do Ceará.