“Da Nossa Guerra Particular Ao Conflito Internacional” – Por Vanilo de Carvalho

Vanilo de Casvlaho, advogado e mestre em Negócios Internacionais. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Da Nossa Guerra Particular Ao Conflito Internacional”, eis artigo de Vanilo de Carvalho, advogado e mestre em Negócios Internacionais. “Enquanto as bombas explodem lá fora, dentro de nós ecoa o barulho da ausência, da injustiça, da solidão. Enquanto políticos decidem sobre a vida e a morte de milhões, decidimos sozinhos como sobreviver a mais um dia de caos interno. E, muitas vezes, o silêncio que cultivamos é mais brutal do que os gritos de guerra”, expõe o articulista.

Confira:

Estamos todos, de forma coletiva, compartilhando os vídeos ao vivo das guerras do atual momento do mundo. As guerras de genocídio, as guerras de luta pelo poder, as desenvolvidas armas bélicas, as guerras de palavras, as narrativas de fake news, e a história da humanidade mais uma vez faz o seu capítulo pela ótica da guerra. Observamos com muito susto e, por vezes, com paralisia emocional, as imagens de destruição, os bombardeios que atingem hospitais e escolas, os gritos abafados de crianças cobertas de poeira, os escombros que sufocam o futuro.

Do lado de cá das telas, nos perguntamos: o que podemos fazer diante de tanta barbárie? E seguimos, como quem assiste à própria impotência, a transmitir os horrores que outros vivem, como se fossem cenas de um espetáculo mundial — sangrento, real, contínuo.

Mas, ao mesmo tempo, em outra escala e dimensão, travamos guerras pessoais. Silenciosas, íntimas, não televisionadas. São guerras contra nossas dores, nossos passados mal resolvidos, nossos traumas, nossas perdas e medos. Guerras por pertencimento, por dignidade, por voz. São lutas para se manter de pé quando tudo ao redor parece ruir. Guerras de quem levanta todo dia sem ter certeza se vai suportar o peso da próxima hora.

Essas guerras pessoais não estampam manchetes, mas moldam o mundo tanto quanto as guerras internacionais. Porque a violência que destrói por fora encontra eco na violência que nos corrói por dentro. E um mundo adoecido de si mesmo não precisa apenas de tratados de paz entre nações — precisa, com urgência, de acordos de trégua entre corações.

Enquanto as bombas explodem lá fora, dentro de nós ecoa o barulho da ausência, da injustiça, da solidão. Enquanto políticos decidem sobre a vida e a morte de milhões, decidimos sozinhos como sobreviver a mais um dia de caos interno. E, muitas vezes, o silêncio que cultivamos é mais brutal do que os gritos de guerra.

O desafio que se impõe é perceber que não há separação real entre a guerra internacional e a guerra pessoal. Somos, ao mesmo tempo, testemunhas e protagonistas de um mundo em confronto. E talvez, só talvez, a paz verdadeira comece quando reconhecemos a batalha do outro como extensão da nossa.

*Vanilo de Carvalho, 

Advogado e mestre em Negócios Internacionais.

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