Com o título “Da sala de aula à sociedade: a união da comunicação com a educação forma jovens mais íntegros”, eis artigo de Luciana Asper y Valdés, promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). “Promover a honestidade na educação é crucial para formar uma nova geração de cidadãos conscientes e responsáveis.”, expõe a articulista.
Confira:
O sonho de um país mais próspero, justo e livre da corrupção é compartilhado por muitos, especialmente por aqueles que percebem que esse ideal nasce ainda na infância, nos primeiros anos de vida escolar.
Quando menciono corrupção, não me refiro apenas à corrupção política, que é a mais amplamente conhecida. Estou falando de algo mais profundo: os atos cotidianos que, embora pareçam perdoáveis, acabam sendo justificados, mesmo quando prejudicam outras pessoas e favorecem para tirar vantagem. O combate a esse tipo de corrupção começa com a certeza de que a cultura se transforma por meio do aprendizado e da prática.
A atuação das pessoas na sociedade é moldada pelos valores e virtudes que adquirem ao longo da vida. Esse processo se reflete claramente na percepção dos jovens sobre a conduta humana. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) em parceria com o Datafolha, 90% dos jovens entre 14 e 24 anos consideram a sociedade brasileira pouco ou nada ética. Esse dado nos faz refletir sobre o futuro da nossa sociedade e a urgência de uma transformação.
Busco aqui, não apenas expor como a corrupção e a falta de integridade humana estão afetando cada vez mais a índole humana, mas também venho mostrar como podemos mudar essa realidade e lutar pela construção de uma nação socialmente saudável e próspera. As instituições educacionais formam crianças e jovens que atuarão em seus meios a partir de ensinamentos e lições adquiridos no ensino, mas também esses mesmos jovens podem aprender a propagar isso, e esse é um dos objetivos onde pretendo chegar.
Valorizar a profissão pedagógica é indispensável, como demonstram diversos estudos. De acordo com a OECD (Programme for International Student Assessment), os professores são o fator intraescolar que mais contribui para o sucesso dos alunos, desempenhando um papel central na transformação da educação no Brasil. Além disso, são eles os principais responsáveis por implementar as políticas públicas que visam melhorias no ambiente escolar.
Mas como podemos influenciar esses jovens a aplicarem os ensinamentos?
Ao pensarmos no Ensino Superior, quanto mais profissionais embaixadores e influenciadores da integridade, mais seus alunos lutarão contra a corrupção. Sabemos que a comunicação é uma outra ferramenta poderosa para propagar a produção de campanhas que destacam a intransigência à corrupção e à impunidade e o compromisso com a integridade como uma necessidade primordial para o cidadão brasileiro.
Não é por acaso, que o “Prêmio NaMoral – Jovens Talentos”, fruto de uma parceria entre o Projeto NaMoral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a APP Brasil (Associação de Profissionais de Propaganda), se destaca como uma iniciativa que une comunicação e integridade. O prêmio busca incentivar universitários a utilizarem suas habilidades comunicativas para combater a corrupção. Assim como a comunicação é uma ferramenta poderosa, o envolvimento de jovens na criação de campanhas que promovem a integridade é um passo essencial para transformar a sociedade brasileira.
Mas difundir o conceito de cidadania plena, valorizar a honestidade e contribuir para a formação de cidadãos responsáveis são apenas os primeiros passos, partindo do princípio de sensibilizar universitários e recém-formados sobre o papel fundamental que desempenham na conscientização e no combate à corrupção, incentivando discussões sobre o tema. Entre as iniciativas de destaque no país, podemos citar o “pegue e pague”, que integra a quarta das seis missões propostas às escolas participantes do Projeto NaMoral. Essa missão incentiva a criação de um ponto de vendas sem vendedores ou qualquer tipo de vigilância. Nesse ambiente, os alunos são desafiados a agir de forma íntegra, guiados apenas por sua consciência e princípios, adquirindo produtos de maneira honesta, não por estarem sendo cobrados, mas por reconhecerem o valor da ética e da responsabilidade.
Iniciativas como essas demonstram a importância de unir educação, práticas íntegras e o combate à corrupção, começando pela conscientização desde a formação básica. E oportunidades para aplicar essas iniciativas é o que não faltam! Da sala de aula a atividades cotidianas com familiares e amigos, são ambientes que esses futuros adultos estão continuamente aprendendo a conviver socialmente e, de forma natural, incorporando os ensinamentos de ética e responsabilidade em suas atitudes.
Por isso, digo que todos somos suscetíveis à corrupção, por mais pequena que ela seja. Reconhecer isso é o primeiro passo para cultivar uma cultura de honestidade e integridade, onde cada escolha, por menor que pareça, tem um impacto significativo na construção de uma sociedade mais justa. Nosso objetivo é avançar cada vez mais na construção de jovens mais íntegros, e com “Prêmio NaMoral – Jovens Talentos” pretendemos ter uma progressão de sensibilização dos universitários e jovens formados de seu papel na conscientização do combate à corrupção e encorajando a discussão sobre a temática.
Promover a honestidade na educação é crucial para formar uma nova geração de cidadãos conscientes e responsáveis. É com esse objetivo que trabalhamos para contribuir na construção de uma sociedade mais justa e transparente.
*Luciana Asper y Valdés,
Promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).