“Dai à Ciência o que é dos cientistas” – Por Tales M. de Sá Cavalcante

Tales de Sá Cavalcante, reitor da FBUni e presidente da ACL. Foto: POVO

Com o título “Dai à Ciência o que é dos cientistas”, eis artigo de Tales M.de Sá Cavalcante, reitor do FB Uni, diretor-geral da Organização Educacional Farias Brito e presidente da Academia Cearense de Letras.

Uma decisão inteligente é conversar com pessoas inteligentes, se possível, à mesa, e as últimas mensagens de Jesus aos apóstolos se deram numa ceia.

Em jantar com o inteligente e notável educador Claudio de Moura Castro, indaguei: “Você é ateu?” A resposta foi: “Nessa questão sou tão preguiçoso que não sei se sou ateu ou agnóstico.” Talvez os religiosos, ateus e agnósticos assim sejam por sentir falta do divino.

O filme Conclave, com Melhor Roteiro Adaptado e 8 indicações ao Oscar de 2025, nos leva ao encontro secreto de cardeais que, por serem humanos, julgam a Igreja santa e pecadora. Num curso em Israel, ouvi: “Deus é espetacular. Nós também o somos. Quem estraga são os intermediários.” No filme, o líder dos cardeais narra ter desistido da renúncia ao decanato ao contar: “O Santo Padre disse que alguns são escolhidos para serem pastores, e outros para administrar fazendas. Pelo visto, sou um administrador.”

Um cardeal pergunta ao bélico colega: “[…], o que você sabe sobre guerra? Servi meu Ministério no Congo, em Bagdá e em Cabul. Vi cadáveres e feridos enfileirados no chão, cristãos e muçulmanos. Quando você diz que temos que ‘combater’, o que acha que estamos combatendo? Acha que são aqueles homens iludidos que cometeram aqueles atos bárbaros hoje? Não, meu irmão. A luta está aqui… aqui. Dentro de cada um de nós. Quando cedemos ao ódio e ao medo, quando falamos de ‘lados’ em vez de falar por cada homem e cada mulher. Esta é a minha primeira vez entre vocês. E provavelmente será a última. E perdoem-me, mas, nos últimos dias, demonstramos ser um grupo de homens pequenos e mesquinhos, interessados somente em nós mesmos. Em Roma, na eleição e no poder. E essas coisas não são a Igreja. A Igreja não é a tradição. A Igreja não é o passado. A Igreja é o que faremos a partir de agora”, concluiu o cardeal. Questionemo-nos, pois, sobre a seguinte citação talvez atribuída a Napoleão I: “Guerras religiosas são, basicamente, pessoas se matando para decidirem quem tem o melhor amigo imaginário.”

Ao final, o filme ensina a alguns homens ditos públicos: dai à ciência o que é dos cientistas.

*Tales M. de Sá Cavalcante

Reitor do FB Uni, diretor-geral da Organização Educacional Farias Brito e presidente da Academia Cearense de Letras
tales@fariasbrito.com.br

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